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Achado possível corpo de peregrina desaparecida no Caminho de Santiago

Norte-americana que fazia o percurso desapareceu em abril

Um grupo de agentes durante a busca.Foto: reuters_live | Vídeo: El País TV

A polícia encontrou na noite desta sexta-feira, dia 11, um cadáver no sítio do principal suspeito da desaparição da peregrina norte-americana Denise Pikka Thiem. Fontes da investigação explicam que o estado do corpo apresenta tal grau de decomposição que não é possível determinar à primeira vista se se trata de homem ou mulher, mas a polícia está convencida de que é da turista norte-americana desaparecida no último dia 5 de abril. Miguel Ángel M. B., de 39 anos, era o suspeito número 1 da lista da polícia e já tinha sido investigado no início do caso. Na tarde de sexta-feira, ele foi preso por agentes em um bar de Grandas de Salime (Astúrias), a 162 quilômetros da aldeia de Castrillo de los Polvazares, em Astorga (León), onde morava em uma casa pré-fabricada distante do núcleo urbano e da qual fugiu sem deixar rastro na semana passada.

Denise Thiem contou um dia antes de que fosse dada como desaparecida a várias testemunhas que tinha previsto realizar uma etapa de 14 quilômetros da rota jacobeia entre Astorga e aldeia de El Ganso, onde passaria a noite em um albergue. Mas ela desapareceu em 5 de abril e nunca mais se soube de ela. Fontes próximas à investigação afirmam que há indícios contundentes contra o detido: foi encontrada uma serra em sua propriedade com restos biológicos que estão sendo analisados e a polícia investiga, além disso, uma operação bancária que Miguel Ángel M. B. realizou poucos dias depois do desaparecimento de Thiem para trocar mais de 1.000 dólares por euros.

O corpo, “totalmente decomposto”, foi localizado horas depois da prisão do suspeito do desaparecimento da mulher em Grandas de Salime. O nome do preso, Miguel Ángel M. B., estava na boca de todos em Castrillo de Polvazares desde que as investigações começaram. Alguns moradores o definem como um homem de vida solitária e modos bruscos que nunca confraternizou com os vizinhos. Quando morreram animais envenenados em Castrillo, ele foi considerado culpado, assim como na vez em que apareceram carros com os pneus furados e alguns pequenos roubos em lojas do povoado. Outros testemunhos garantem que o suspeito às vezes incomodava peregrinas que realizavam essa rota seguindo-as de bicicleta.

Há alguns dias ele havia evaporado. Ninguém no povoado de León conhecia muito bem sua história. Uma mulher afirma que há três anos ele contou que era casado e tinha uma filha, e que as duas mulheres de sua vida chegariam logo de Madri para acompanhá-lo. Durante um tempo foi visto vendendo em alguns albergues da região produtos que, segundo ele, extraía de sua horta. Quando um dos clientes estranhou a história e o questionou sobre o tamanho do sítio em que morava, não voltou com mais hortaliças.

Cronologia do desaparecimento

- No dia 6 de março a peregrina começou sozinha o Caminho de Santiago saindo de Pamplona. Durante cerca de um mês, Thiem fez a rota, cujo percurso podia ser acompanhado pelas fotografias que tirava e postava em seu perfil social.

- A última vez que a peregrina sacou dinheiro do caixa eletrônico –50 euros– foi em 1º de abril.

- A última foto foi tirada em 3 de abril passado em um lugar não identificado, mas postada na Internet um dia depois.

- O último dia que se comunicou com uma amiga pela rede foi no dia 4. Na tarde desse mesmo dia, Thiem apresentou sua credencial de peregrina no albergue de San Javier, perto da catedral de Astorga.

- No dia seguinte, durante o Domingo de Páscoa, tomou café na cafeteria Gaudí, segundo as declarações de vários peregrinos.

- Sua pista se perdeu na igreja de Santa Marta em 5 de abril, adjacente à catedral maragata. A norte-americana planejava assistir à missa e então realizar uma etapa de 14 quilômetros até a localidade de El Ganso, porque tinha sido informada de que ali havia "um albergue decente", segundo se lia na mensagem que publicou.

- Cinco meses depois, a busca foi retomada. Os responsáveis policiais não dão informações do por quê.

- Neste período, foi enviada uma carta do senador republicado dos EUA, John McCain, ao primeiro-ministro Mariano Rajoy, oferecendo a ajuda do FBI. O Ministério do Interior admite que a investigação é “prioritária”.

Mobilização policial

A prisão, de qualquer forma, causou comoção na mais turística das aldeias de Astorga, famosa por ser um postal quase perfeito da arquitetura maragata. Esse recanto de paz para onde os visitantes vão para se divertir, sobretudo nos fins de semana, já tinha sido perturbado na quinta-feira passada com a chegada de 300 homens da Polícia Nacional e da Unidade Militar de Emergências, que desde então verificaram sem descanso mais de vinte poços e matagais da região para encontrar o corpo da peregrina norte-americana.

As amplas unidades de rastreamento, que incluem helicópteros, especialistas em resgate no subsolo, tanques blindados e vários caminhões da Unidade Militar de Emergências, foram interrompidas quando chegaram notícias de Astúrias sobre a prisão. Tudo foi paralisado à espera de que o juiz de instrução de Astorga tomasse o depoimento do preso e decidisse ou não restabelecer a busca, que foi reativada até o corpo ser encontrado no sítio do suspeito, epicentro da busca desde a quinta-feira passada, com o rastreio de mais de cem hectares.

Os porta-vozes oficiais da polícia e do Ministério do Interior repetiram durante os dois últimos dias que Miguel Ángel M. B. (então ainda não identificado pelo nome) era “um suspeito a mais, como outros investigados até agora”.

A repercussão nos EUA estimulou o senador republicado John McCain a enviar uma carta ao primeiro-ministro Mariano Rajoy, na qual chegava a oferecer a colaboração do FBI.

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