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Uma série de atentados na Turquia deixa pelo menos nove mortos

Quatro policiais morreram em dois dos sete ataques de Curdos e grupos de esquerda

Foto: AGENCIA_DESCONOCIDA | Vídeo: Reuters
Andrés Mourenza

Uma série de atentados deixou pelo menos nove pessoas mortas em várias partes da Turquia nesta segunda-feira. Em Istambul, um ataque com carro-bomba a uma delegacia nos arredores da cidade provocou a morte de um policial e também de dois dos agressores. Ainda em Istambul, duas pessoas atacaram a tiros o consulado dos Estados Unidos, mas o atentado não deixou vítimas. Nenhum grupo assumiu os dois ataques. Em Silopi (sudeste do país), um explosivo improvisado, colocado supostamente por militantes do PKK, foi detonado na passagem de um blindado policial e matou quatro oficiais. Pela manhã, também na província sul-oriental de Sirnak, militantes do PKK abriram fogo com lança-foguetes contra um helicóptero que tentava resgatar um soldado ferido, matando outro soldado.

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Os fatos de hoje acontecem em meio à crescente tensão vivida pela Turquia nas últimas semanas devido aos enfrentamentos entre as forças de segurança e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), assim como a chegada de aviões militares dos EUA às bases turcas, de onde sairão para lutar contra o Estado Islâmico.

No início da manhã desta segunda-feira, um homem e uma mulher abriram fogo contra os policiais turcos que vigiam o consulado norte-americano, situado no distrito de Sariyeer, no norte de Istambul. Depois do tiroteio com os agentes, os suspeitos escaparam e um deles, a mulher, que ficou ferida, tentou se esconder em uma casa próxima, e foi presa. O outro conseguiu fugir.

“Ainda estamos tentando entender o que houve”, afirmou um porta-voz diplomático dos EUA à agência AFP. Em sua conta no Twitter, o próprio consulado explicou que está “trabalhando com as autoridades turcas para investigar” o ocorrido e foi anunciado que o “consulado permanecerá fechado até novo aviso”.

As delegações diplomáticas dos EUA na Turquia sofreram diversos ataques, o último deles um atentado suicida em 2013 que deixou um policial turco morto e foi reivindicado pelo Partido Frente de Liberação do Povo Revolucionário (DHKP-C, em sua sigla em turco), uma organização de esquerda que está entre as mais atingidas pelas operações policiais lançadas pelo Governo de Ancara nas últimas semanas.

Mais grave foi o ataque sofrido por uma delegacia de polícia em uma região suburbana de Sultanbeyli, distrito na parte asiática de Istambul. Por volta da 1h da madrugada, um veículo carregado de explosivos foi detonado junto ao posto policial, provocando um incêndio e graves danos neste e em outros edifícios. No total, dez pessoas —sete delas civis— ficaram feridas. Ao inspecionarem o local da explosão, especialistas em bombas e agentes da Unidade Antiterrorista foram atacados por volta das 6h45 da manhã com armas de longo alcance. Um policial morreu. A troca de tiros continuou por boa parte da manhã.

Ainda que até o momento nenhum grupo armado tenha reivindicado o atentado de Sultanbeyli, nas horas seguintes ao ataque um grupo de desconhecidos lançou pedras contra a sede mais próxima do Partido da Democracia dos Povos (HDP), considerado pelos nacionalistas turcos o braço político do PKK.

Durante o fim de semana, três policiais faleceram em vários ataques do PKK em diversos pontos do sudeste curdo da Turquia, e assim o número de vítimas fatais deste grupo armado desde julho passado chega a 26.

O primeiro-ministro, o muçulmano Ahmet Davutogl, pediu ontem “a todos os líderes políticos” que façam um “chamamento conjunto” à paz, à democracia e para que o PKK deixe as armas, além de reconhecer, finalmente, os esforços do copresidente do HDP, Selahattin Demirtas, no sentido de convencer o grupo armado curdo a abandonar a violência. Apesar de, acrescentou, “terem chegado tarde”.

Milhares de pessoas se reuniram neste domingo no bairro de Bakirköy em Istambul para exigir paz e para que tanto as operações militares turcas contra as bases do grupo curdo no Iraque como os atentados do PKK tenham um fim. O ato foi organizado por mais de oitenta organizações da sociedade civil, e contou com o apoio de deputados do HDP e da oposição social-democrata.

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