EUA investigam se Guantánamo abriga agentes cancerígenos
Advogada pede a evacuação das instalações depois de sete casos entre militares e civis
A Marinha dos Estados Unidos analisa a queixa de uma advogada que pede a evacuação de parte da base militar da baía Guantánamo (Cuba) depois que pelo menos sete pessoas —militares e civis— que trabalharam nos julgamentos de prisioneiros contraíram câncer. O jornal Miami Herald contabilizou desde 2008 nove casos de câncer, dos quais três terminaram em morte.
“Levamos muito a sério qualquer preocupação sanitária”, afirmou num comunicado a porta-voz da base naval Kelly Wirfel. “Trabalhando com funcionários especialistas em meio ambiente e saúde, a Marinha está analisando a queixa para identificar as medidas que podem ser tomadas em relação a essas preocupações”.
A queixa, apresentada ao Escritório do Inspetor-Geral do Departamento de Defesa, pede que sejam retiradas e submetidas a exames médicos as pessoas das instalações judiciais da base, segundo a agência Reuters, que na terça-feira deu a conhecer o documento. Também é pedida uma investigação sobre a possibilidade de a base de Guantánamo —que tem uma área de 116 quilômetros quadrados ao sudeste de Cuba— abrigar agentes cancerígenos.
A queixa, apresentada por uma militar que trabalhou durante vários anos na base, não alega que os casos de câncer tenham afetado os prisioneiros de Guantánamo suspeitos de terrorismo. Os campos do centro de detenção, criado em 2002, depois dos atentados do 11 de Setembro, estão em outra área da extensa base e abrigam atualmente 116 acusados.
As pessoas afetadas podem ter sido expostas a agentes cancerígenos numa instalação que armazenava gasolina
O presidente Barack Obama havia prometido fechar a prisão até 2010, depois de acusações de tortura, mas o bloqueio do Congresso às transferências de presos para os EUA fez naufragar sua estratégia.
O documento considera que as pessoas afetadas podem ter sido expostas a agentes cancerígenos quando trabalharam e dormiram numa instalação judicial que no passado armazenava gasolina para aviões. Segundo o Herald —que cobre detalhadamente o dia a dia de Guantánamo—, trata-se de uma velha preocupação dos advogados das questões de saúde da instalação, onde estão pendurados cartazes que recomendam não beber água das torneiras. A queixa também cogita que um edifício, sede inicial dos julgamentos dos acusados, poderia conter amianto.
Na última década, cerca de 200 pessoas trabalharam nas instalações judiciais de Guantánamo. Normalmente, os advogados só viajam à ilha quando há um julgamento ou vão conversar com seus clientes. As comissões militares estiveram envolvidas em polêmicas desde que foram criadas, em 2003. A base abrigou 779 acusados, mas só 8 foram julgados e condenados.
A queixa não alega que os casos de câncer tenham afetado os presos de Guantánamo
Os sete casos de câncer, segundo o Herald, foram diagnosticados em anos recentes e são de tipologias distintas. Nos últimos 13 meses, morreram três dessas pessoas, com idades entre 35 e 52 anos. A última morte —de Bill Kuebler, comandante da Marinha que atuou como advogado entre 2007 e 2009 para o canadense Omar Khadr, que chegou à prisão quando adolescente— ocorreu há duas semanas.
Dois médicos consultados pela Reuters disseram que, sem informações mais detalhadas, será difícil determinar se o número de diagnósticos de câncer é anormal. Segundo eles, sete casos entre 200 pessoas pode ser uma quantidade normal em se tratando de cânceres de tipos distintos e pessoas maduras. Mas seria anormal se fossem jovens e sofressem do mesmo tipo de câncer.
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