13 fotosQuando sua vida depende de um rioQuando a água é escassa e a economia precária, surgem as tensões. Resolver os conflitos e conseguir uma gestão sustentável deste recurso são as prioridades das associações de amigos da Reserva Natural de Chome, na TanzâniaLola HierroTanzania - 30 jul. 2015 - 12:15BRTWhatsappFacebookTwitterBlueskyLinkedinLink de cópiaA agricultura de subsistência é a principal atividade econômica da região, onde dois terços da população vive abaixo da linha da pobreza. Até 2008, atividades como exploração madeireira e mineração eram as fontes mais comuns de renda, mas foram proibidas quando a área foi protegida. Na imagem, uma mulher cultiva a terra na cidade de Ntenga.Lola HierroO rio Yongoma na metade de seu curso, quando atravessa a Reserva Natural de Chome. O crescimento da população e das atividades produtivas que utilizam sua água, combinado com uma redução e maior variabilidade das chuvas causadas pela mudança climática, elevou a pressão sobre o rio de forma significativa nas últimas décadas.Lola HierroEzequiel Warema Mbwambo, Juma Ibrahim Juma e Lea John Njema são membros da WUA do Yongoma, a associação de usuários da região que administra a gestão sustentável da água. Uma de suas tarefas é resolver os conflitos entre as comunidades gerados pela utilização desse recurso. Os registros da associação mostram que, desde sua criação em dezembro de 2013 até hoje, o número de casos anuais foi reduzido de 50 para 15.Lola HierroA Reserva Natural de Chome vista do alto. Ao fundo, as plantações de arroz da cooperativa Ndungu Irrigation Cooperative Scheme. Para cultivar esse cereal é preciso muita água e, com 680 hectares de plantações, a empresa está consumindo 70% do fluxo do Yongoma. Isso tem criado tensões com comunidades das regiões mais altas, que não veem com bons olhos esse consumo excessivo de água, embora a empresa tenha autorização para fazê-lo e pague a cota correspondente. É um dos conflitos que teve a intermediação da WUA.Lola HierroLea John Njema caminha às margens do lago Kalemawe, formado após a construção da barragem de mesmo nome, em 1956, por colonos britânicos para apoiar as atividades agrícolas dos pastores da etnia Pare da região. Os pastores haviam sido desalojados de suas terras para a criação da reserva de caça de Mkomazi, que mais tarde seria transformada em parque nacional. Hoje, o lago está desaparecendo devido à destruição do meio ambiente pelos moradores que vivem em torno de suas margens.Lola HierroUma das missões da WUA do Yongoma é proteger o lago Kalemawe. Os rebanhos de cabras e os burros das comunidades masai pastam nos arredores. Quando o nível da água sobe por causa das chuvas, o lago é contaminado pelas fezes dos animais.Lola HierroA WUA também enfrenta a pesca ilegal, que é realizada com redes de buracos muito pequenos que fisgam peixes que ainda não têm o tamanho mínimo para o consumo. Outros pescadores lançam na água o extrato de uma planta venenosa que mata rapidamente todos os peixes que estão perto. Embora eficaz, essa técnica destrói toda a fauna e flora do rio e contamina a água.Lola HierroOs masai são pastores nômades que percorrem o norte do Quênia e o sul da Tanzânia com seus rebanhos em busca de melhores pastagens. Deslocados durante décadas de seu ambiente, tiveram que se adaptar diversificando sua economia. Agora não se dedicam apenas à pecuária, mas também a outras atividades como artesanato ou negócios. Estão proibidos de levar as ovelhas para pastar perto do lago Kalemawe, mas não consideram a lei válida e simplesmente a ignoram. Na foto, três pastores masai partem em um caminhão do mercado de sexta-feira, na cidade de Mgagu.Lola HierroO corte de árvores é considerado ilegal e sujeito a multas de até 100.000 xelins tanzanianos (150 reais), uma fortuna considerando que o salário médio mensal na Tanzânia é de cerca de 225 reais. Na foto, uma mulher masai carrega lenha nas imediações do lago Kalemawe.Lola HierroMav Elienza Ganga (com chapéu) é o líder da comunidade Lugulu, que se enfrenta com a cooperativa de arroz por causa do uso da água. Argumenta que sua comunidade sempre utilizou o recurso como queria, sem regras. Após várias negociações, aceitou que, durante 12 horas por dia, a água seja utilizada por sua comunidade e, nas outras 12, pela cooperativa de arroz.Lola HierroAbed Saleh, presidente da cooperativa de arroz Ndungu. Saleh, sentado em seu escritório, destaca que em 2015 o plantio foi reduzido para 189 hectares e que 1.400 funcionários e 320 famílias dependem economicamente desse negócio.Lola HierroUma das áreas de recarga da Reserva Natural de Chome. Essas regiões estão protegidas porque são peça fundamental do ciclo integral da água nessas bacias. Coletam, filtram e liberam de maneira progressiva a água da chuva das montanhas, que depois abastecerá o fluxo do Yongoma. Toda a atividade humana é proibida, mas muitos agricultores plantam nas regiões por causa das boas condições do solo. As alterações dessas áreas afetarão a vida de milhares de pessoas nos cursos médio e baixo do rio.Lola Hierro