Afastado o juiz que investigava os Kirchners por lavagem de dinheiro
Tribunal o removeu a pedido da sobrinha da presidenta, que gere os hotéis de Cristina

O juiz federal de Buenos Aires Claudio Bonadio, que deu início a uma investigação sobre suposta lavagem de dinheiro da família Kirchner, foi afastado do caso. Um tribunal o removeu a pedido de Romina Mercado, sobrinha da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, e encarregada da gestão de seus hotéis. Mercado o havia criticado porque ele não lhe permitiu designar peritos contábeis de sua confiança para auditar contas suspeitas. Bonadio queria que só participassem especialistas da Corte Suprema da Argentina.
Foi o juiz Claudio Bonadio que iniciou a ação, a partir de uma denúncia da candidata presidencial da frente Progressistas, Margarita Stolbizer. Agora, a investigação deverá cair em mãos de outro funcionário da Justiça. A remoção ocorre três dias depois de Bonadio determinar a revista das sedes patagônicas de duas empresas que administram os hotéis de Cristina, como parte de uma ação pela qual até agora ninguém foi processado. Para essa operação o juiz recorreu à Polícia Metropolitana, que depende do prefeito de Buenos Aires e candidato presidencial conservador, Mauricio Macri. A prefeitura reconheceu que arcou com as despesas da operação, mas argumentou que o fez por ordem do juiz. Mais de 40 policiais portenhos se trasladaram em ônibus por 2.600 quilômetros até a província de Santa Cruz, no sul, o reduto dos Kirchners, para a revista das empresas.
O que se investigava era se a empresa Hotesur, que pertence a Cristina Fernández e a seus filhos, lavou dinheiro
O chefe do Gabinete de Ministros de Buenos Aires e candidato a prefeito nas eleições de domingo, Horacio Rodríguez Larreta, reconheceu que a viagem custou o equivalente a 145 mil reais e justificou o fato dizendo que a Polícia Metropolitana tem a “obrigação” de atender os juízes federais de Buenos Aires.
Em Río Gallegos há representações da Polícia Federal, da Segurança Aeroportuária e a Gendarmeria Nacional (polícia nacional), todas dependentes da presidenta Cristina.
O kirchnerismo havia tentado destituir Bonadio do cargo de juiz, mas a oposição o defendeu no Conselho da Magistratura
O que está sendo investigado é se a empresa Hotesur, que pertence a Cristina e a seus filhos, lavou dinheiro alugando os quartos durante um ano para a construtora do empresário Lázaro Báez, amigo e sócio do falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007). O kirchnerismo havia tentado destituir Bonadio do cargo de juiz, mas a oposição o defendeu no Conselho da Magistratura (órgão que escolhe e remove juízes).
A chefa de Estado reagiu à operação de busca na segunda-feira com novas críticas ao juiz e a Macri. O único candidato presidencial kirchnerista, Daniel Scioli, se queixou de que a investigação judicial tenha ocorrido a poucas semanas das primárias abertas e de voto obrigatório, em 9 de agosto, nas quais Maximo Kirchner disputa uma cadeira na Câmara dos Deputados.