12 fotosJacinto Sirpa está cansado de carregar galõesJacinto está há 60 anos vivendo sem água potável no altiplano boliviano, onde concentra-se a pobreza extrema do país andinoJavier SaurasFelix LillMichele BertelliLa Paz - 30 jul. 2015 - 12:31BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinBlueskyLink de cópiaJacinto está há 60 anos, 22.000 dias, vivendo sem água potável no planalto boliviano, uma das regiões onde se concentra a pobreza extrema no país andino.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasEste ano, Jacinto teve a oportunidade de ser o Uma Mallku da sua comunidade: o vigilante das águas. Nas sociedades aimarás, os mallkus são cargos rotativos que velam pelo bom funcionamento da comunidade.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier Sauras“Nunca tive água potável. Nunca tomei água limpa”, confessa, tímido, o camponês. Jacinto Sirpa Condori não é um caso isolado. Dois milhões de bolivianos ainda vivem sem acesso à rede encanada de água potável e cerca de metade do país não conta com instalações de saneamento básico em seu domicílio.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasO camponês aimará se reúne com Uma Mallkus de comunidades vizinhas para abordar em conjunto a escassez de água.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasDesde que Evo Morales chegou ao poder, em 2005, a água tem sido um tema central na Bolívia. Mas cerca de 2 milhões de pessoas continuam vivendo sem acesso à água potável em suas casas.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasOs Uma Mallkus têm que prestar contas de seu trabalho à sua comunidade. Jacinto explica aos vizinhos os avanços que estão sendo feitos para que a água chegue a Central Coniri, a apenas duas horas e meia da cidade de La Paz.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasJacinto atende pacientemente às demandas de seus companheiros, reunidos ao ar livre num “apthapi” (costume aimará de compartilhar alimentos), em torno de redes com favas, fécula, batatas, queijo e pimenta. “Estamos perfurando até 30 metros e tem água. Tem água!”, diz ele, sorridente.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasJacinto admira “el Evo”, como o chama, embora sua vida não tenha melhorado muito nos nove anos de governo de Morales. Dois municípios vizinhos, Achica Arriba e Achica Baja, acabam de inaugurar sistemas de água potável e os habitantes de Central Coniri observam seus conterrâneos com certa inveja.Michele Bertelli, Felix Lill y Javier SaurasÉ a primeira vez que alguns lavam as mãos num tanque, e riem enquanto esfregam os dedos com uma escova que restou depois do trabalho no campo.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasSeus vizinhos das duas Achicas agora recebem cursos de formação, tanto de manutenção das instalações como de higiene básica. Dentro de pouco tempo, os habitantes dessas comunidades rurais serão encarregados de cuidar dos poços, depósitos e tubos, o que representa um novo desafio para eles.Michele Bertelli, Felix Lill e Javier SaurasEm 1990, menos da metade da população boliviana tinha água em casa. A porcentagem caiu para os atuais 20%. No entanto, as zonas rurais continuam concentrando os maiores problemas de abastecimento e de extrema pobreza.Michele Bertelli, Felix Lill y Javier Sauras