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congresso nacional do pt
Análise
Exposição educativa de ideias, suposições ou hipóteses, baseada em fatos comprovados (que não precisam ser estritamente atualidades) referidos no texto. Se excluem os juízos de valor e o texto se aproxima a um artigo de opinião, sem julgar ou fazer previsões, simplesmente formulando hipóteses, dando explicações justificadas e reunindo vários dados

A esquizofrenia de um partido

Camisetas anti-Levy, palmas para Vaccari e protestos de rua da direita são contradições registradas no encontro do PT

Antonio Jiménez Barca

Pelos saguões do hotel da praia do Rio Vermelho, em Salvador, onde acontece o V Congresso Nacional do PT, legenda de Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff, há militantes que passeiam com uma mensagem explícita na camiseta: "Fora o plano de Levy". O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é um liberal alheio ao partido, mas escolhido por Dilma, em janeiro, para conduzir o ajuste fiscal e a política econômica de corte de gastos que, na opinião dos dois, são necessários para que o país volte a crescer no próximo ano (no momento flerta com a recessão). As camisetas antiministro são um sintoma da peculiar esquizofrenia vivida pelo maior partido do Brasil, no poder há mais de 12 anos (oito com Lula e quatro com o primeiro mandato de Dilma).

Outro sintoma dessa contradição é a turbulenta redação do principal documento do congresso, a chamada Carta de Salvador, da qual foram retiradas, ao longo da semana, folha por folha, as críticas escritas em um primeiro momento contra a política econômica do Governo. A própria presidenta, há poucos dias, mandou um aviso de que não se pode criticar o ministro da Fazenda por tudo ("não se pode fazer isso, criar um Judas”) em um pronunciamento que, para especialistas, foi dirigido especialmente aos que estavam preparando o congresso.

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O terceiro sinal de esquizofrenia de que padece o partido apareceu quando o presidente Rui Falcão aludiu ao tesoureiro João Vaccari, acusado de pertencer à trama corrupta da Petrobras e ter angariado dinheiro para o partido proveniente dos subornos das empresas que alardeavam contratos. Ao ouvir o nome de Vaccari, os participantes do Congresso aplaudiram. Entusiasticamente. Essa aclamação, que durou três minutos e serviu para redimir o tesoureiro, pelo menos aos olhos do partido, pode se compatibilizar mal com a promessa da presidenta Dilma Rousseff de perseguir a corrupção seja lá onde ela estiver.

Poderíamos falar de outra contradição: o PT, formação esquerdista de inspiração popular, perdeu o controle das ruas. As últimas manifestações de massa pertenceram aos adversários de Lula e Dilma Rousseff, que lotaram a Avenida Paulista. As centenas de militantes e os quadros dirigentes buscam nesse Congresso recuperar a pulsação vital das pessoas comuns. Mas isso às vezes é difícil quando se detém o poder por tanto tempo e a questão é discutida no salão de um hotel.

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