Juiz condena Costa e Youssef, peças-chave do escândalo da Petrobras
Ex-diretor e doleiro foram julgados culpados por desvio de 18 milhões de reais
Duas peças-chave do esquema de desvio de recursos da Petrobras foram condenadas nesta quarta-feira a penas que variam de sete a nove anos de prisão. O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef foram responsabilizados por ao menos 20 crimes de lavagem de dinheiro que desviaram entre os anos de 2009 e 2012 cerca de 18 milhões de reais da petroleira brasileira.
Os delitos se referem ao superfaturamento de obras da refinaria de Abreu e Lima, no Estado do Pernambuco. Inicialmente, a construção da refinaria estava orçada em 2,5 bilhões e saltou para 20 bilhões de reais. Costa e Youssef confessaram seus delitos quando assinaram um termo de colaboração com os investigadores do esquema criminoso.
De acordo com a decisão do juiz federal Sergio Moro, o doleiro e o ex-diretor eram “os líderes do grupo criminoso e seriam o principais responsáveis pela lavagem de dinheiro dos recursos desviados”. Eles eram o braço do Partido Progressista (PP) dentro do grupo criminoso. A estimativa é que ao total, tenham sido desviados de 10 bilhões a 20 bilhões de reais da estatal em mais de uma centena de obras. Os valores desviados seriam usados para pagar propina a dirigentes da Petrobras, políticos e partidos brasileiros.
Apesar de Costa e Youssef terem assinado acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal, até o momento, não conseguiram se livrar das penas de restrição de liberdade. Por enquanto, só conseguiram atenuar suas condenações financeiras. As multas contra eles não foram definidas. Conforme a decisão do juiz Sergio Moro, o ex-diretor terá de cumprir sete anos e seis meses de reclusão e o doleiro, nove anos e dois meses. Ainda cabe recurso à decisão. Atualmente, Youssef está detido no Paraná e Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, onde é monitorado por uma tornozeleira eletrônica.
Apesar de Costa e Youssef terem assinado acordos de colaboração ainda não conseguiram se livrar das penas de restrição de liberdade
Como Youssef responde a mais de dez delitos dentro da própria operação Lava Jato, a expectativa é que a soma de suas penas supere os 30 anos de reclusão, conforme o próprio juiz Moro.
Outras seis pessoas também foram condenadas pelos mesmos crimes por Moro. São elas: o dono da empreiteira Sanko Sider, Márcio Andrade Bonilho, os empresários Esdra de Arantes Ferreria, Leandro Meirelles, Leonardo Meirelles, Pedro Argese Júnior e o aposentado Waldomiro Oliveira. Os cinco últimos são, conforme a denúncia, membros do grupo coordenado por Youssef para encobrir o desvio de recursos e lavar o dinheiro fora do país. Como o corruptor neste caso teria sido Bonilho, caberá a ele pagar uma multa no valor de ao menos 18 milhões de reais, o valor será usado para ressarcir o dano à Petrobras e ainda poder ser aumentado.
Ao todo, a operação Lava Jato resultou, na primeira instância, na abertura de 21 processos judiciais (em que já ocorreram acusações formais) e há dois inquéritos policiais instalados. Existem também 23 inquéritos no Supremo Tribunal Federal contra 54 políticos, que teriam foro privilegiado.
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