_
_
_
_

Lei de terceirização vai a plenário sem consenso sobre perdas e ganhos

Projeto de lei volta a ser discutido e votado no Congresso nesta quarta-feira

Manifestação na entrada do anexo 2 da Câmara dos Deputados contra o Projeto de que regulamenta o sistema de terceirização.
Manifestação na entrada do anexo 2 da Câmara dos Deputados contra o Projeto de que regulamenta o sistema de terceirização.Wilson Dias (Agência Brasil)

O polêmico projeto de lei que autoriza a terceirização de funcionários em qualquer atividade volta a ser discutido, nesta quarta-feira, no Congresso e ainda divide opiniões. Se por um lado as centrais sindicais temem a precarização da relação trabalhista, os defensores da nova lei da terceirização afirmam que o projeto deve aumentar a especialização e a eficiência das empresas. O texto base já foi aprovado na Câmara no início do mês, mas ainda serão discutidos nesta tarde os chamados destaques.

Para o professor Fernando Peluso, do Insper, o fato da nova lei exigir que as empresas prestadoras de serviços sejam especializadas em apenas uma atividade é positivo para o desempenho das companhias. Atualmente, uma empresa pode oferecer, ao mesmo tempo serviços de limpeza e segurança, por exemplo. "Com uma obrigação de apenas uma especialidade específica, a tendência é aumentar a eficiência dos serviços prestados, criando realmente especializações que beneficiem a produção. Aliada a outros fatores, essa eficiência pode acabar gerando novas vagas de emprego", explica o professor.

Na opinião do especialista, só o fato de regulamentar algo que hoje não é definido por lei já gera uma segurança jurídica. Hoje, a terceirização é regulada pela súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho e permite somente que as empresas terceirizem suas atividades-meio.

Mais informações
Uma década depois, lei que regula terceirização é aprovada na Câmara
Terceirização coincide com fim de ‘ciclo de ouro’ de trabalhadores
Câmara abre caminho para regulamentar terceirização
Onda antiterceirização domina 98% dos debates sobre o tema nas redes
Má repercussão do projeto da terceirização faz PSDB recuar
Oposição e empresários apostam que lei da terceirização passa na quarta

"A ampliação da lei também acabará com essa divisão subjetiva do que é atividade-meio e atividade-fim. Em uma empresa de picolé, por exemplo, havia uma dúvida se o processo de embalagem era uma atividade-fim e desfavorecia a especialização", diz sobre o ponto do texto que tem gerado mais polêmica.

Protestos

O projeto tem sido atacado principalmente pelo PT e pela centrais sindicais que voltaram às ruas, nesta quarta-feira, para protestar contra a medida. Trabalhadores e sindicalistas protestam em pelos menos cinco Estados e o Distrito Federal e pedem que os parlamentares votem contra o projeto, cujo texto principal já foi aprovado pelos deputados no dia 8.

Eles alegam que com a ampliação da terceirização, a PL permitirá a precarização dos trabalhos. Afirmam, por exemplo, que o texto não garante a filiação dos terceirizados no sindicato da atividade da empresa. O que significa que esses trabalhadores podem receber valores de piso salariais menores do que se eles fossem contratados diretamente.

Segundo Gaudio Ribeiro,coordenador de curso de Direito do Ibmec-DF, a terceirização em si não degrada nem precariza o trabalho. "A lei pode ser boa ou ruim, dependendo da maneira que for aplicada", afirma. Ribeiro ressalta que a ampliação da terceirização vai em uma direção mais saudável agora que amplia a responsabilidade da contratante.Se o texto for aprovado, caso o empregado não consiga receber o salário da terceirizada, ele poderá entrar com ação contra a tomadora de serviço.  "O que assegura muito mais os direitos dos terceirizados", afirma Ribeiro.

Para Peluso, ainda que em um primeiro momento os trabalhadores sintam um achatamento de salários, é bastante provável que haja uma adequação do mercado e que outros sindicatos se fortaleçam. "A longo prazo essas condições serão ajustadas e adequadas", explica.

Votação da Lei da Terceirizacão

Em meio às manifestações conduzidas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT)  nas últimas semanas e também a forte oposição ao projeto nas redes sociais,  que tomou 98% das menções ao tema segundo estudo da agência A2C, até a bancada do PSDB, apoiadora da medida, rachou, num raro alinhamento com o PT para os dias atuais, na semana passada, dificultando ainda mais um consenso sobre o texto. O próprio líder tucano, Aécio Neves, teve que entrar em ação e convencer os parlamentares a voltarem a apoiar a medida.

A expectativa da Fiesp, federação das indústrias paulistas, e de parlamentares que apoiam a proposta, é que o texto final será aprovado entre esta quarta e quinta-feira sem grandes alterações.

No entanto, o texto ainda precisará passar pelo Senado onde deve sofrer nova resistência. Nesta quarta-feira, o presidente da casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que não pode concordar com a regulamentação sem que se imponha limites ao projeto. Para ele, é preciso delimitar  um percentual para a terceirização das atividades-fim. O peemedebista, porém, não especificou qual seria o percentual máximo dessas contratações.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_