Dilma e presidentes da região elogiam encontro de Obama e Raúl Castro
O Papa enviou uma mensagem para que se superem as diferenças mediante um “diálogo sincero”
O esperado encontro entre Barack Obama e Raúl Castro, neste sábado no Panamá, conta com todas as bênçãos. Inclusive a papal. O papa Francisco não quis deixar de se manifestar sobre a reunião hemisférica que deve carimbar a normalização das relações entre Estados Unidos e Cuba, da qual ele foi mediador-chave. Por isso, enviou uma mensagem de “encorajamento” para que superem as “diferenças” mediante um “diálogo sincero” no início da Cúpula das Américas.
O Papa argentino não é o único que anseia pela consolidação, na capital panamenha, de uma aproximação iniciada quatro meses atrás e que deveria pôr fim a uma das maiores “irritações” — palavra utilizada por Washington — nas relações dos EUA com toda a região nos últimos 50 anos.
As palavras de apoio ao “valente” passo dado por Obama e Castro em 17 de dezembro se multiplicaram ao longo dos dias que precederam a reunião e durante a plenária deste sábado no Panamá - depois dela, Castro e Obama devem ter uma esperada reunião bilateral. Dilma Rousseff elogiou a "corajosa iniciativa" de reaproximação entre Raúl Castro e Barack Obama para "por fim a este último vestígio da Guerra Fria na região que tantos prejuízos nos trouxe". A presidenta brasileira também disse esperar que outros passos sejam tomados, como o fim do embargo contra a ilha, ainda em vigor.
Dilma disse ainda que a cúpula abre "uma nova era nas relações hemisféricas, na qual é uma exigência conviver com diferentes visões de mundo, sem receitas rígidas ou imposições". "É nosso desafio fazer com que a régua pela qual nós nos medimos seja a régua pela qual nós medimos a todos os demais. Não podemos achar que somos ou superiores ou inferiores a quem quer que seja". A presidenta teve um encontro bilateral com Obama na tarde deste sábado.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, lembrou, durante o evento, que a política hostil dos EUA em relação a Cuba foi como uma ferida nas relações hemisféricas que só agora deixa de doer.
Dos sorrisos forçados para a foto de família da última Cúpula das Américas, em Cartagena das Índias, em 2012, aos aplausos unânimes — inclusive dos governantes mais críticos em relação a Washington — de uma região que na reunião anterior, na Colômbia, impôs um claro ultimato a Obama: ou Cuba comparece à seguinte reunião hemisférica, ou esta não será realizada. Raúl Castro, agora, no Panamá, rodeado pelos demais líderes regionais, inclusive Obama, teria sido motivo suficiente de júbilo para muitos há três anos.
“É a primeira vez na história das Américas que se reúnem em torno da mesa, ao mesmo tempo, os chefes de Estado e Governo das 35 nações de nosso hemisfério”, ressaltou o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) prestes a deixar o cargo, José Miguel Insulza, na noite de sexta-feira.
“A presença de Raúl Castro representa um desejo finalmente cumprido por muitos na região”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, outro dos que não quiseram deixar de se manifestar sobre o “histórico encontro”, como qualificam unanimemente atores e espectadores da reunião.
Que esse acontecimento seja sucedido por uma normalização de relações entre Washington e Havana é uma bonificação com a qual muitos já tinham deixado de contar.
“Panamá, o país que une o mundo”, publicou em sua conta no Twitter Manuel Domínguez, secretário de Comunicação de Estado do presidente panamenho e anfitrião, Juan Carlos Varela. Junto à mensagem, Domínguez postou também a primeira de várias imagens da noite da sexta-feira, onde se via Castro e Obama juntos, apertando as mãos e até trocando algumas palavras, que não demoraram a percorrer o mundo.
Até a Casa Branca teve que frear tantas expectativas. O encontro não foi nada mais do que uma “interação informal” na qual não se comentou nenhuma “informação substancial”, ressaltou uma fonte oficial. Foi apenas um pouco mais do que o primeiro aperto de mãos entre Obama e Castro, durante o funeral de Nelson Mandela na África do Sul, em 2013.
Nada deveria diminuir o verdadeiro encontro, esse que tem que acontecer em algum momento deste sábado. E por mais informal que seja, segundo a Casa Branca, mantém inquietos a todos no Panamá e em boa parte do mundo há dias, se não semanas ou meses.
A expectativa é grande, embora os acordos que possam ser anunciados por Obama e Castro por causa do encontro não sejam capazes de resolver todos os problemas bilaterais pendentes, e nem de apagar, de uma tacada só, os múltiplos desencontros entre as duas margens do Estreito da Flórida.
“À medida que avancemos rumo ao processo de normalização, teremos nossas diferenças com Cuba em muitos temas, assim como quando, em algumas ocasiões, não concordamos com outras nações das Américas”, advertiu o próprio Obama na sexta-feira durante um discurso prévio no Panamá. A boa notícia é que “não há nada de mau nisso”, segundo o presidente norte-americano.
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