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Rand Paul coloca o conservadorismo libertário na luta pela Casa Branca

Senador por Kentucky próximo do Tea Party pretende desafiar à ortodoxia republicana

Yolanda Monge
Rand Paul se prepara para abraçar sua mulher Kelley antes de anunciar sua candidatura.
Rand Paul se prepara para abraçar sua mulher Kelley antes de anunciar sua candidatura.AARON P. BERNSTEIN (REUTERS)

Até o anúncio oficial, nesta terça-feira, Rand Paul tinha realizado todos os rituais implicados pelo fato de pretender a presidência dos Estados Unidos, exceto pronunciar a mítica frase. De fato, a declaração de que “aspiro a ser presidente para que nosso país retorne aos princípios da liberdade e a um governo limitado” foi feita por ele um dia antes, por meio de um vídeo na Internet no qual anunciava seu comparecimento nesta terça-feira, diante de mais de 1.000 simpatizantes, a um hotel de Louisville, em seu Kentucky de adoção.

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“Tenho uma mensagem”, declarou Paul num tom quase de pregador. “Vou dizer alto e claro, estou aqui para recuperar nosso país”, proferiu Paul com uma retórica que se assemelhava à praticada em 2010, quando o Tea Party irrompeu ruidosamente no Congresso dos Estados Unidos com uma mensagem anti-imigração e repudiando o Governo.

Definindo-se como “um novo tipo de republicano”, Rand Paul informou seus seguidores que Washington “está quebrada” e que a maneira de voltar para o bom caminho é hasteando a bandeira da liberdade “com a Constituição numa mão e a declaração de direitos na outra”. “Quero reformar Washington”, comunicou o senador, que afirmou que a dívida nacional foi multiplicada por dois com os republicanos e por três com Barack Obama.

Com 52 anos, Paul  só tem cinco em política. Antes do salto a Washington era um oftalmólogo de Bowling Green (Kentucky).

O senador do Kentucky que chegou ao Capitólio dos Estados Unidos em 2010, ajudado pela onda ultraconservadora do Tea Party, dedicou grande parte do ano passado a preparar o caminho para a indicação republicana fazendo comícios em diversos Estados, arrecadando dinheiro e desafiando o establishment do Partido Republicano. Nesta terça, falou de justiça, oportunidades e liberdade.

Com 52 anos, Paul só tem cinco na política. Antes do salto a Washington era um oftalmologista de Bowling Green (Kentucky), de onde hoje dirigiu seu carro com a família dentro para percorrer os mais de 130 quilômetros que o separavam de Louisville. Na quarta-feira estará em New Hampshire, onde iniciará o trajeto que pretende que o leve à Casa Branca em 2016, baseando-se em um ideário de “conservadorismo libertário” ou “conservadorismo constitucional” que o afastam de posições estritamente libertárias, consideradas muito rigorosas ou marginais.

Se Paul chegou ao Capitólio em novembro de 2010 foi em parte graças ao apoio de seu pai, Ron Paul, ícone libertário e duas vezes candidato republicano à presidência que na terça estava apoiando o filho no Kentucky. Paul pai, que abandonou sua cadeira como representante do Texas no fim de 2012, foi possivelmente a razão pela qual Paul filho não escolheu a corrida presidencial já naquele ano, pois seu progenitor hesitava em tentar uma terceira indicação.

Mas como muitos outros filhos escravos de um sobrenome, Rand Paul tenta agora ser sua própria marca. Se o pai era mais ideólogo, o filho é mais político e em certas ocasiões se encontra na incômoda posição de ter de apaziguar a base libertária herdada do pai enquanto tenta o difícil equilíbrio de alcançar o centro sem expulsar os eleitores republicanos nas primárias.

Paul é o segundo republicano que entra no ringue para a briga pela Casa Branca em 2016. Antes que dele, foi a vez de outro favorito do Tea Party, o senador pelo Texas Ted Cruz

Em política externa, Paul é considerado mais como isolacionista -como o pai- do que como intervencionista, apesar de ter apoiado bombardear as posições do Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Paul propôs recentemente aumentar o orçamento do Pentágono; declara-se contrário aos programas de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA, da sigla em inglês, e pedra de toque para eleitores universitários) e está decidido a ser o único dos republicanos a brigar pela redução das sanções federais por posse e tráfico de drogas (o que o torna popular entre eleitores negros). Quanto ao casamento homossexual e o aborto, mantém-se junto à ortodoxia republicana que se define contrária a ambos.

“Tenho uma visão para a América”, declarou Paul entre gritos de apoio. “Pode-se ter liberdade e segurança, mas lhes garanto que não vou comprometer sua liberdade por uma falsa sensação de segurança”, afirmou em referência aos programas de vigilância do Governo. Falando a outra base de eleitores (a comunidade afro-americana), o senador disse que revogará qualquer lei que não garanta que se aplique com igualdade para todos.

Paul é o segundo republicano que entra no ringue da luta pela Casa Branca em 2016. Antes dele foi outro favorito do Tea Party, o senador pelo Texas Ted Cruz. Mas o número crescerá logo, pois o senador republicano pela Flórida Marco Rubio pretende anunciar sua candidatura na semana que vem. A eles deve se juntar Jeb Bush, ex-governador da Flórida, filho e irmão de presidentes. Também está nos bolões de apostas para competir pela indicação republicana o Governador de Wisconsin, Scott Walker.

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