Chaplin, um marido “cruel”
Documentos do divórcio com Lita Grey descrevem o ator como alguém muito distante do personagem de seus filmes mudos
Os papéis do divórcio de Charles Chaplin dão uma imagem muito distante do personagem dócil de seus filmes mudos. O acordo de separação com Lita Grey, 20 anos mais jovem, o descreve como um marido “cruel e desumano”. A informação foi divulgada pouco antes do leilão dessas 50 páginas de informações em um antiquário de Devon, no Reino Unido. Os documentos descrevem as circunstâncias e seu divórcio, e refletem os problemas de um casamento que foi mal desde o primeiro momento.
Chaplin conheceu Lita Grey no set de um de seus filmes, e eles se casaram quando ele tinha 35 anos e ela, 16. Os documentos afirmam que o ator a enganou ao prometer o casamento para dormir com a jovem. Quando soube que ela havia engravidado, tentou convencê-la a abortar. Mas Grey não aceitou e, de acordo com os costumes da época, Chaplin se casou com a mulher. Os papéis dizem que o ator confessou a seus amigos que o casamento era uma opção melhor que a prisão. Ainda assim, ele não registrou o bebê até meses depois de seu nascimento, para que parecesse que havia sido concebido depois do casamento.
Segundo o antiquário que vai leiloar os documentos, essa é uma das 16 cópias feitas da papelada para serem enviadas às diferentes partes implicadas, entre bancos, advogados e empresas de cinema. Essa cópia foi enviada ao Banco Nacional de Los Angeles, em 11 de janeiro de 1927, ano em que o casal se divorciou por decisão dela.
Mas o relato do pior papel de Chaplin não acaba aqui. O documento do divórcio descreve como, na noite do casamento, Chaplin disse a Grey: “Esse matrimônio não vai durar. Vou fazer você se sentir tão mal que não vai querer conviver comigo”.
A opinião do ator também fica clara no documento, em que descreve sua esposa como uma “buscadora de ouro”, que pretendia “arruinar sua carreira”. O casamento chegou ao fim com o pagamento de 800.000 dólares (2,5 milhões de reais) a Grey, um dos mais caros acordos de divórcio da época.
Quando os papéis foram publicados na época, o ator foi rejeitado por um período, mas isso não impediu que seu sucesso continuasse, de acordo com a casa de leilões.
“Obtivemos o acordo de divórcio da pessoa que encontrou reorganizando os papéis de um banco dos Estados Unidos. Tinha ordem para se desfazer deles, mas decidiu guardar”, diz ao jornal britânico Daily Mail John Cabello, o proprietário da casa de antiguidades que vai leiloar o documento.
Rob Morrish, de 27 anos, é um dos funcionários desse antiquário e colaborou com a investigação sobre a veracidade dos documentos. “Levou cerca de uma semana a investigação e leitura do documento, que é bastante enfastiante e tomou tempo. Tem muitas anotações a mão e foi encadernado há tanto tempo que era preciso manipular com cuidado extremo”, disse o funcionário ao Daily Mail.
Não é a primeira vez que John Cabello leiloa objetos históricos relacionados a Charles Chaplin. Em 2005, vendeu o terno utilizado pelo ator no filme O Vagabundo. Seu mítico chapéu, os sapatos velhos e sua bengala foram vendidos ao melhor comprador pelo preço de saída de 4.700 euros (16.000 reais).
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