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Real Madrid e Brasil, uma história de amor?

Se estrear no Santiago Bernabéu, Danilo será o 23º brasileiro a fazê-lo Entre seus predecessores figuram nomes como Ronaldo, Roberto Carlos, Didi e Kaká

Julio Baptista, Ronaldo e Roberto Carlos, em 2005.
Julio Baptista, Ronaldo e Roberto Carlos, em 2005.Reuters

Em 1935, o Real Madrid, pela situação política que passava a Espanha, não era Real (embora já tivesse sido). Era, simplesmente o Madrid Foot-Ball Club, como em sua fundação. Vestia, sim, camisa branca. E foi naquele ano que o Brasil de Getúlio Vargas se despediu, pela primeira vez, de um compatriota – Fernando Rubens Pasi Giudicelli – com destino à Espanha para se vestir de branco. Desde então, 23 futebolistas do gigante sul-americano jogaram com a camiseta do clube de Chamartín. O último, anunciado na madrugada de quarta-feira e que só vai se incorporar no próximo verão, foi Danilo Luiz da Silva, procedente do Porto.

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Na lista, que não inclui o zagueiro Pepe (naturalizado português) e que teve 26 anos de interrupção (entre 1965 e 1991), figuram personagens que entraram para a história como grandes jogadores, como Ronaldo e Roberto Carlos; como também há que os que triunfaram antes ou depois, mas não durante sua estadia no clube merengue – Kaká, Didi, Zé Roberto, Julio Baptista, Casemiro começa a fazê-lo desde que saiu rumo ao Porto... Finalmente, figuram outros que, por motivos diversos, ficaram simplesmente como apostas que não deram certo, como Evaristo, nos anos 60, ou o próprio Fernando.

Se existe uma posição que ficou marcada na grama do estádio Santiago Bernabéu pela presença brasileira, é a que ocupa Danilo: a de lateral. Durante 11 anos, Roberto Carlos, um paulista que não chegava a um metro e setenta de altura e “de cor café com leite” – como ele mesmo ironizou após um dos habituais episódios racistas que abrigam os estádios de futebol – , fez sua aquela lateral esquerda e maravilhou a torcida merengue com sua velocidade e com a potência de seu chute de canhota. De passagem, em suas 370 partidas oficiais – é o estrangeiro que mais jogou no clube – colaborou para a conquista de três Copas da Europa, uma Supercopa, dois Intercontinentais, quatro Ligas e três Supercopas da Espanha.

Compilação dos gols de Roberto Carlos com o Real Madrid.

Danilo vai se encontrar – se Florentino Pérez não fizer outra surpresa daqui até o final da temporada – com outros dois brasileiros quando começar a treinar em Valdebebas. Um, por quem o Real Madrid desembolsou 15 milhões de euros (mais de 45 milhões de reais), continuará sendo um recém-chegado de 22 anos. Seu nome é Lucas Silva. Sua posição natural, volante (como Flávio Conceição e Émerson).

Marcelo em sua apresentação como madridista, em novembro de 2006.
Marcelo em sua apresentação como madridista, em novembro de 2006.efe

O outro é Marcelo. Desde que aterrissou no Real Madrid com apenas 18 anos em 2006, procedente do Fluminense e carregando a enorme responsabilidade de ser “o substituto de Roberto Carlos”, nas palavras do então presidente Ramón Calderón, o jogador do Rio de Janeiro soube transformar-se em um pilar dentro do time. Na mesma posição que seu mítico predecessor, Roberto Carlos. Quem não teve tanto sucesso foi Robinho, que apesar de sua deslumbrante estreia em Cádiz não conseguiu fazer carreira em Chamartín. Ganhou duas Ligas: com Fabio Capello (2006-07) e Bernd Schuster (2007-08) e uma Supercopa da Espanha (2008), mas logo durou apenas três temporadas no time. O atacante foi, em 2008, a primeira grande venda do Real Madrid. O clube branco passou-o para o Manchester City por 43 milhões de euros depois de contratá-lo por 30 milhões procedente do Santos.

Agora resta ver o que Danilo é capaz de fazer na lateral oposta. Terá de competir, pelo menos, com dois jogadores confiáveis como Carvajal e Arbeloa. Precede-o a fama de seu potente disparo e sua habilidade para entrar em posições de arremate, combinada a uma cabeça fria para não perder as referências defensivas. Já ganhou dois campeonatos de liga com o Porto e tem em seu histórico 13 partidas com a seleção brasileira. O bom, ou o mau, é que ainda falta demonstrar praticamente tudo.

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