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Venezuela recorre à OEA contra medidas dos Estados Unidos

A ministra de Relações Exteriores Delcy Rodríguez discursará em uma reunião dia 19 Há um ano, o país havia desmerecido o papel da Organização dos Estados Americanos

Silvia Ayuso
O chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez
O chanceler venezuelana, Delcy RodriguezCarlos Garcia Rawlins (REUTERS)

Um ano após rejeitar qualquer intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA) na crise da Venezuela, é Caracas que recorre a este órgão, com sede em Washington, diante do mesmo cenário.

Aproveitando a presença de vários ministros de Relações Exteriores, na próxima quarta-feira, para a escolha do novo secretário-geral da entidade - há apenas um candidato oficial, o ex-ministro uruguaio Luis Almagro - Caracas solicitou uma sessão extraordinária do Conselho Permanente para o dia seguinte.

A petição não menciona o objetivo da convocação durante a qual a ministra de Relações Exteriores venezuelana, Delcy Rodríguez, discursará. No entanto, a resposta de diversas fontes diplomáticas é quase idêntica: “Sabemos o motivo”.

A razão seria denunciar a decisão do Governo de Barack Obama de declarar a Venezuela como uma ameaça “incomum e extraordinária” aos interesses dos Estados Unidos e emitir sanções contra sete funcionários venezuelanos aos que Washington acusa por envolvimento na repressão dos protestos realizados há ano e também por corrupção.

A ação de Washington foi denunciada como “aberrante e ilegal” pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que além de solicitar poderes especiais para “enfrentar o imperialismo” tratou de buscar respaldos na região. No sábado, a Unasul realizará uma reunião em sua sede, em Quito (capital do Equador), tendo a Venezuela como único tema da agenda.

Daqui a cinco dias, a reunião da OEA na capital dos Estados Unidos terá como atrativo o fato de que a denúncia pelas ações norte-americanas será apresentada pela ministra de Relações Exteriores da Venezuela na sede da OEA, a apenas algumas centenas de metros da Casa Branca, local de onde partiram as sanções.

Será uma ocasião, além disso, para que Caracas se dirija cara a cara aos representantes do Governo norte-americano.

A decisão de recorrer à OEA, embora lícita – porque a Venezuela é membro da única organização que inclui todos os países da região (menos Cuba, por uma decisão do próprio país) –, não deixa de ser paradoxal. Caracas nunca perdeu a chance de ressaltar a “irrelevância” desta organização e rejeitou de forma contínua qualquer ação por parte dela que classificasse como uma “ingerência” em seus assuntos internos.

Há exatamente um ano, a Venezuela usou todas as suas influências para impedir que a OEA convocasse uma reunião de consulta com ministros de Relações Exteriores ou que enviasse uma missão ao país sul-americano para analisar o conflito social que havia estourado em fevereiro de 2014. Finalmente, a organização se limitou a emitir uma resolução tão suave que os pés de página com protestos de países como os EUA e o Panamá ocupavam mais espaço que o texto em si. Enquanto isso, a Unasul era a encarregada de enviar uma missão a Caracas. Dela participavam, por certo, o mais que provável próximo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, como ministro de Relações Exteriores do Uruguai. Um ano mais tarde, é Caracas que está disposta a ir à OEA.

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