Não é preciso ser matemático para ser especialista em ‘big data’
Em 2015 serão necessários 4,4 milhões de especialistas em dados em todo o mundo. O requisito para atuar na área é ser graduado
Em 1976, o departamento de estatística da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, deu início a uma pesquisa para otimizar as técnicas de cultivo. O estudo se concentrou na análise de variáveis como a temperatura, o tipo de grão e a variedade de fertilizantes. O objetivo era identificar os padrões que propiciavam melhores colheitas. Essa é uma das histórias que costumam ser contadas para remontar às origens do big data, a análise massiva de dados que busca tirar o maior proveito deles e tomar as melhores decisões no futuro.
Por mais que ainda seja um fenômeno que está para ser desenvolvido em muitos setores, o big data já se estendeu a praticamente todos os âmbitos da vida. De bancos a seguradoras, de companhias aéreas a NBA. Os arremessos errados e os certeiros, a distância entre os jogadores ou sua altura. Todos os dados são reunidos em um software de análise estatística para concluir que jogadores, como e quando rendem melhor. Em função dos resultados, decidem-se as escalações. “Reúnem-se variáveis e identificam-se padrões. É possível saber se um jogador consegue mais acertos se joga contra rivais que medem mais do que dois metros ou só 1,90”, afirma Fernando Meco, diretor de marketing da SAS, empresa de software analítico que trabalha com alguns times da NBA.
Utilizando as técnicas de big data e analytics também é possível rastrear as redes sociais e antecipar picos de desemprego. Foi o que fez, por exemplo, um estudo liderado pelas Nações Unidas na Irlanda e Estados Unidos que fazia uso da metodologia do software da SAS. Tanto no Twitter como no Facebook foram detectadas conversas negativas, um aumento da venda de carros de segunda mão por parte dos usuários e um aumento do uso do transporte público. “As administrações podem tomar medidas proativas para tornar mais fácil a vida dos cidadãos, como aumentar a frequência do metrô ou reduzir o preço dos bilhetes”, afirma Meco.
Esses e outros avanços no manejo dos dados dispararam a demanda por especialistas em big data tanto no setor público como no privado. A revista Harvard Business Review qualificou essa profissão de a mais sexy do século XXI. Em 2015 serão necessários 4,4 milhões de data scientists em todo o mundo, segundo a consultoria Gartner Group.
Cursos de 'big data'
- Universidad Internacional de La Rioja (UNIR): Master em Visual Analytics e Big Data (100% online / 1 ano de duração / 3.655 euros)
- Universidad Camilo José Cela con U-TAD: Especialização em Big Data e Especialização em Data Science (presencial / 7 meses / 6.900 euros).
- Universidad Europea: Master em Big Data Analytics (presencial / 10 meses / 9.000 euros)
- Universidad Complutense de Madrid (UCM): Master em Mineração de Dados e Inteligência de Negócio (presencial / 1 ano / 3.900 euros)
- Instituto de Empresa (IE): Master in Business Analytics e Big Data (presencial / 10 meses / 23.200 euros)
- ESADE: Executive Master in Digital Business (presencial / 10 meses / 22.700 euros).
- Escuela de Organización Industrial (EOI): Master em Business Intelligence e Big Data (100% online / 7 meses / 9.000 euros)
Empresas como General Electric, Banco Santander ou BBVA criaram nos últimos anos cargos como o de chief data officer ou chief analytical officer, cuja missão é zelar pelos dados que existem na companhia e ser capaz de tirar o máximo proveito deles. “Muito poucas pessoas têm. Há indústrias como a aeronáutica que têm anos de vantagem”, explica Meco. O setor turístico está se adaptando há anos ao entorno online, analisando a pegada digital de milhares de usuários sobre o tipo de consultas, os dias da semana com maiores picos ou os destinos mais solicitados para construir sua oferta comercial. “Os dados são o petróleo do século XXI. O desafio é analisar em profundidade e em tempo real”, reforça Meco. É difícil para sua empresa encontrar talento analítico e profissionais bem formados.
Antes os dados só interessavam ao profissional de informática. Agora os departamentos de marketing baseiam suas estratégias nesses estudos; seu trabalho é menos intuitivo e mais analítico. A grande revolução remonta aos últimos dois anos, período em que se gerou 90% dos dados que existem hoje em dia, afirma Juan José Casado, diretor acadêmico do Master em Business Analytics e Big Data do Instituto de Empresa (IE). Por isso, na Espanha muitas universidades e escolas de negócio começaram a oferecer pós-graduações para formar especialistas. “A sociedade é digital, todos estamos conectados através da Internet e geramos informação constantemente. Há uma avalanche de dados e a barreira para ter acesso a eles não é tecnológica. Faltam especialistas”, destaca.
Que perfil é o adequado para ter acesso a um desses programas? Na maioria, basta ser graduado e ter uma experiência de cerca de quatro anos no mundo empresarial. “Não precisam ser necessariamente matemáticos ou estatísticos. O essencial é que sejam pessoas com curiosidade, com vontade de brincar com os dados e sua análise e que queiram transformar os negócios”, afirma Casado. Os alunos do master do IE, que lançou esse curso pela primeira vez, têm uma média de 29 anos e contam com cinco de experiência profissional. Cerca de 25% deles são matemáticos e estatísticos; outros 25% têm um perfil tecnológico e os 50% restantes estão vinculados ao mundo dos negócios.
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