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UE retarda as novas sanções à Rússia para permitir o diálogo

Os ministros de Relações Exteriores apoiam as medidas, mas atrasam sua adoção

Lucía Abellán
Federica Mogherini e Linas Linkevicius em Bruxelas.
Federica Mogherini e Linas Linkevicius em Bruxelas.OLIVIER HOSLET (EFE)

A União Europeia está tentando remover todos os obstáculos ao diálogo entre a Rússia e a Ucrânia para buscar a paz. Os ministros das Relações Exteriores decidiram na manhã desta segunda-feira retardar as novas sanções que previam aprovar hoje e deixar uma margem para a reunião quadripartite entre Rússia, Ucrânia, Alemanha e França que acontecerá na quarta-feira em Minsk (Bielorrússia). As medidas restritivas consistiam em acrescentar 19 pessoas e nove empresas à lista de sancionados pela UE, com a proibição de ter acesso ao bloco comunitário e congelamento de seu capital.

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A alta representante para Assuntos Exteriores europeia, Federica Mogherini, propôs aos ministros deixar em suspenso essas sanções para facilitar a negociação, explicam várias fontes comunitárias. A iniciativa é respaldada por França e Alemanha, que participam desde a semana passada do diálogo com Moscou e Kiev, e até pelos próprios ucranianos, que veem nesse atraso uma ferramenta de negociação.

Os ministros optaram por uma fórmula que lhes permite ganhar tempo mas manter viva a ameaça: mostrarão hoje seu respaldo às sanções e decidirão que serão aprovadas na próxima segunda-feira caso não se decida o contrário daqui até lá. Dessa forma, permite-se o diálogo sem as restrições das novas sanções e, caso as discussões da quarta-feira não tenham os resultados desejados, os chefes de Estado e de Governo, que já previam se reunir extraordinariamente na quinta-feira em Bruxelas, poderão modificar o que foi acordado ou propor novas medidas.

As sanções, em todo caso, consistem na mera ampliação de uma lista que já conta com 132 pessoas e 28 empresas, a maioria da Crimeia ou das regiões separatistas do leste, consideradas responsáveis pela escalada de tensão na Ucrânia. Não há nomes russos de destaque. Na nova lista que os ministros deixarão hoje em suspenso há nomes russos, mas de segundo nível, explicam fontes diplomáticas europeias.

Apesar de tudo, o debate sobre o atraso é complexo, porque no seio da comunidade europeia há um grupo de países (Polônia e os Países Bálticos, mas também o Reino Unido) muito céticos quanto à iniciativa de paz e incomodados com o fato de que as únicas sanções adicionais que Bruxelas decidiu aprovar consistam em ampliar a lista de sancionados. Esses países defendem medidas de maior calado (sanções econômicas que restringisse o financiamento europeu à Rússia, importações e exportações) diante da escalada de tensão que a Ucrânia viveu nas últimas semanas.

“Até que vejamos que a Rússia está cumprindo o que prometeu não podemos aliviar a pressão de forma alguma”, argumentou o ministro britânico Philip Hammond, ao chegar à reunião. O chefe da diplomacia lituana, Linas Linkevicius, esboçou um argumento similar: “Todos esperamos que haja uma solução diplomática, ninguém quer a Guerra, mas só podemos julgar a partir do que acontece sobre o território, não podemos acreditar em uma só palavra dos líderes russos.”

No flanco mais conciliador —e sobretudo mais inquieto, devido ao custo que as sanções têm para a União Europeia—, o ministro espanhol, José Manuel García-Margallo, ilustrou com números esse prejuízo econômico para a comunidade: “As sanções têm um custo importante para todos; até agora a UE perdeu 21 bilhões de euros em exportações”.

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