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Estado Islâmico: videoclipe macabro em alta definição

Cruéis gravações divulgadas pelo EI comprovam seu domínio de tecnologia e encenação: uso de várias câmeras, imagens em câmera lenta e primeiros planos

O videoclipe divulgado pelo Estado Islâmico.Foto: reuters_live

“Sou o tenente piloto Moaz Safi Youssef al-Kasaesbeh", diz, olhando para a câmera, um homem com o rosto com marcas de golpes. Começa assim o vídeo distribuído pela agência Reuters a emissoras de televisão do mundo todo, editado para eliminar os momentos mais cruéis da execução sumária do piloto jordaniano capturado em dezembro. Mesmo uniforme laranja que os ocidentais assassinados pelo Estado Islâmico, mas o refém está em movimento, não ajoelhado aos pés de seus captores.

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Todos os planos do vídeo mostram que sua gravação foi perfeitamente organizada. Nada aparece por acaso, desde o cenário percorrido pelo jovem, entre escombros e olhando para o infinito, até a jaula na qual sofreu morte horrível, com a túnica laranja molhada e sem erguer os olhos do chão. Não só os aparelhos usados para captar as imagens são de última tecnologia, HD (alta definição), mas também os programas de edição e seus operadores, que usam imagens encadeadas, fundidas ou sobrepostas, além de inserir marcas na parte da tela que costuma ficar livre dos logos das emissoras de TV, alternando a bandeira preta do EI com outro logo. É preciso ter mais que conhecimentos básicos de vídeo para inserir tais máscaras.

Todas as tomadas parecem cenas de um roteiro: a dos soldados mujahedins em formação impecável, às costas do jovem de 26 anos, todos impecavelmente vestidos e armados; quando aparecem enfurnados em casas semidestruídas com os fuzis parecendo prontos para disparar a qualquer momento. Os primeiros planos dos olhos desses soldados, a única parte da face mostrada pelas balaclavas, as panorâmicas dos fuzis ao rosto – impecável o movimento, sem tremer, com tripé. O rosto do piloto, já com a barba de vários dias e o olhar perdido, dando a impressão de gesto repetido várias vezes. Sem planejar a gravação dessas tomadas, não é possível encontrá-las depois, na edição.

Os especialistas em Estado Islâmico ressaltam que a principal diferença dele em relação a outras organizações radicais jihadistas é seu domínio da Internet e das redes sociais como amplificadores para suas mensagens. E dominar a Web é controlar a imagem, bárbara, macabra, cruel... Desde que o cinema, no início, e agora o vídeo existem, a mais poderosa arma de propaganda.

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