Homenagem a ‘Charlie Hebdo’
Cinco jornalistas defendem a liberdade de expressão no festival literário
O Hay Festival, que terminou no último sábado na cidade colombiana de Cartagena, organizou um debate sobre as consequências do atentado terrorista cometido em 7 de janeiro contra o semanário satírico francês Charlie Hebdo, no qual morreram 12 pessoas. No diálogo participaram os diretores do EL PAÍS, Antonio Caño; do The Washington Post, Martin Baron, e da revista colombiana Semana, Alejandro Santos, junto com os também jornalistas Ed Vulliamy, do The Guardian, e Jon Lee Anderson, da The New Yorker.
Todos eles fizeram uma apaixonada defesa dos valores ocidentais, em especial Anderson e Caño, que questionaram que se prestou mais atenção aos limites da liberdade de expressão do que aos 12 assassinatos cometidos pelos dois fundamentalistas islâmicos.
“Trata-se de Charlie Hebdo”, exclamou Vulliamy ao final da palestra. Essa frase resumiu o que minutos antes havia afirmado o diretor de EL PAÍS – “fico preocupado que os terroristas nos obriguem a um debate sobre os limites do ofício” – e Anderson. O cronista da The New Yorker completou a ideia de Caño: “O terror está funcionando, porque agora a principal preocupação dos meios e dos terroristas é a segurança pessoal. Temos que enfrentar isso.”
Os presentes debateram também as políticas informativa dos principais jornais do mundo depois do massacre. Enquanto o EL PAÍS decidiu publicar duas páginas da seguinte edição da revista satírica francesa, em espanhol e em português, The Washington Post se absteve para não contrariar sua linha editorial.
“O Post não publica materiais que poderiam ser considerados como ofensivos por razões de raça ou religião”, defendeu Baron. No entanto, depois concordou com o direito de exercer a liberdade sem outros limites que os da própria consciência: “Mas não quer dizer com isso que os terroristas tenham algum tipo de influência em nossas decisões. Isso corresponde somente a nós.”
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