_
_
_
_

O talento latino-americano no MoMa

Museu apresenta exposição da arquitetura na América Latina de 1955 a 1980

Pablo de Llano Neira
'Hotel Humbold', T. J. Sanabria, Caracas, 1956
'Hotel Humbold', T. J. Sanabria, Caracas, 1956© Fundación Alberto Vollmer

Na cafeteria de um dos edifícios da mostra, o Museu Tamayo, da Cidade do México (obra de Teodoro González de León e Abraham Zabludovsky, 1981), o curador Patricio del Real especifica o objetivo da exposição América Latina em Construção: Arquitetura de 1955 a 1980, apresentada na última terça-feira na capital mexicana e que será exibida de 29 de março a 19 de julho no MoMA (Museum of Modern Art), de Nova York. O MoMA fez o primeiro registro da arquitetura da região em 1955 com a exposição Arquitetura na América Latina desde 1945, que abarcou esses dez anos e marcava um período que culminou com a construção da cidade de Brasília, o grande projeto do movimento moderno latino-americano: e pensava-se, ou às vezes ainda se pensa nos Estados Unidos, que depois disso não aconteceu nada. Agora queremos deixar claro que aquilo foi seguido por um importante ímpeto de prospecção e construção dentro das necessidades de grandes dimensões e adensamento da cidade que o desenvolvimentismo impôs, o sonho de modernização e industrialização da América Latina. E muitas das soluções que reavaliamos agora continuam sendo relevantes para os desafios de nosso próprio período, para os problemas atuais de modernização e desenvolvimento da América Latina.”

Mais informações
Adeus à favela no arranha-céu
Brasil fora de rota
Jorge Wilheim, o urbanista que projetou cidades brasileiras
O México do século XX em seis projetos arquitetônicos

A exposição do MoMA tem como eixo temático a capacidade de certos projetos nesses 25 anos de conseguir um equilíbrio entre as exigências macro ou quantitativas do desenvolvimentismo e as necessidades qualitativas de habitabilidade e uso dos espaços por parte das pessoas. Reúne mais de 500 desenhos e materiais originais que nunca antes tinham sido expostos em conjunto e põe em questão pontos comuns dos desafios arquitetônicos daquele tempo por meio de análises de obras nos seguintes países: Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, México, Cuba, República Dominicana e Porto Rico.

O porto-riquenho Del Real, que apresentou a exposição com o diretor do museu, Glenn Lowry, afirma que desde meados dos anos 50 se concretizou uma mudança estrutural nas necessidades arquitetônicas da América Latina, que prosseguiu até a década de 80, e a partir daí surgiram outras concepções em áreas como habitação social, praças, infraestrutura e museus.

As ideias no campo da habitação social lhe parecem em boa medida um exemplo a seguir para a época atual, na qual, segundo diz, se deixou a iniciativa ao mercado. Ele cita o projeto experimental Previ em Lima (1967), para o qual foram convidados arquitetos internacionais para projetar uma moradia mínima que fosse passível de expansão e de transformação por parte dos habitantes.

'Cuba Pavillion', Montreal, Canadá, Vittorio Garatti, 1968.
'Cuba Pavillion', Montreal, Canadá, Vittorio Garatti, 1968.© Archivo Vittorio Garatti

“Embora o desenvolvimentismo tenha operado fundamentalmente do poder para as massas, na vertical, houve experimentos importantes de autoconstrução e de moradia assistida, antecipando-se às ideias atuais de transformar as casas das favelas em residências dignas”, explica o curador. Outros exemplos de arquitetura social citados e que são analisados na exposição são o Conjunto Rioja (Buenos Aires, 1971), o SESC Pompeia de Lina Bo Bardi (São Paulo, 1986) e o modelo de classes rurais com sistema de prefabricados leves do mexicano Pedro Ramírez Vázquez.

Da combinação de arquitetura com a necessidade de dimensões exacerbadas são paradigmáticos outros dois projetos incluídos na exposição: o conjunto Nonoalco-Tlatelolco (Mario Pani, Cidade do México, 1966) e o Copan de Oscar Niemeyer (1966, Sao Paulo), uma obra de tal tamanho, recorda Del Real, que foi preciso criar um código de endereçamento postal somente para esse edifício.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_