_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Um desafio para a Europa

Syriza deve atender às necessidades dos gregos sem romper os compromissos com a UE

A vitória esmagadora da esquerda radical do Syriza nas eleições antecipadas de sábado representa uma grande novidade na Europa comunitária. E abrange três fatores dos quais os vencedores, a cidadania grega e o conjunto da União Europeia devem se orgulhar. Ainda que, por seu caráter insólito, a digestão desse resultado seja árdua para muitos.

O evidente é que a eleição, que concentrou muita tensão política, foi realizada com normalidade. Foi limpa, sem interferências. As divergências de vários governantes quanto às propostas dos atuais ganhadores foram formuladas com respeito e correção.

O mais importante é que isso demonstra que a estrutura e o modo de ser de nossas democracias ocidentais são integradores. Cabe nelas o triunfo de partidos não convencionais: a Grécia é e continua sendo membro da família europeia, ainda que seus novos dirigentes não pertençam às orientações fundadoras e majoritárias da mesma, a centro-direita conservadora e a centro-esquerda social-democrata.

E, em terceiro lugar, o Syriza soube canalizar na via política um contundente descontentamento social que ameaçava a estabilidade do país. Mesmo que essa contribuição não seja nem um pouco insignificante, também é insuficiente diante do futuro. Na hora da verdade, essa nova esquerda e especialmente seu líder, Alexis Tsipras, deverão usar de muita responsabilidade para que sua atuação como governante coincida mais com a apresentação moderada que ele fez de si mesmo nas capitais europeias e diante das instituições da UE do que com as apelações populistas lançadas em suas reuniões nacionais.

Esse desafio é chave. Por mais que ficassem inquietos, os parceiros europeus reagiram com normalidade —inclusive antes da eleição— à possível vitória do Syriza, como impunha o imperativo democrático. A contrapartida óbvia é a de que, uma vez empossado, o Syriza proponha, sugira e defenda o que considere mais conveniente a seus cidadãos, mas sem romper os compromissos assumidos, nem prejudicar os contribuintes vizinhos, nem atentar contra a estabilidade da UE.

Uma forma de visualizar esse propósito, se é que chega a tanto, seria atribuir as tarefas de governança a outros partidos, como o do centro progressista, ainda que ele não seja matematicamente necessário para formar o Governo. Outra é tentar um acordo com diferentes formações para renegociar o resgate e os termos da dívida, pois algum partido —como o socialista— que tentou enfrentar esse assunto solitariamente pagou com uma declínio brutal.

Tudo isso tem a ver com a posição especial e singular da Grécia. Ainda que em alguns aspectos essa eleição guarde semelhanças com outras situações —como a da Espanha— seria intelectualmente abusivo compará-las. E em longo prazo, certamente não muito rentável para quem assim o pretender.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_