Aeronáutica aponta falhas de piloto em acidente de Campos, diz jornal
Sequência de erros e falta de treinamento teriam levado à queda de aeronave Relatório afirma que comandante sofreu uma "desorientação espacial"
Investigação da Aeronáutica concluiu que o acidente que matou o então candidato do PSB à Presidência Eduardo Campos foi causado por uma sequência de falhas do piloto da aeronave, Marcos Martins, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira. As investigações devem começar a ser divulgadas em fevereiro.
De acordo com o jornal, ao se ver obrigado a abortar o pouso e arremeter bruscamente, o piloto operou os aparelhos da aeronave em desacordo com as recomendações do fabricante e acabou sofrendo o que é tecnicamente descrito como "desorientação espacial" –quando o piloto deixa de ter noção da posição do avião em relação ao solo, não sabe se está voando para cima, para baixo, em posição legal, de lado ou ponta cabeça.
A publicação explica que as conclusões da Aeronáutica basearam-se na análise dos dados dos últimos segundos do voo, que mostram que o avião se inclinou em um ângulo de 70 graus e em potência máxima, como se o piloto acelerasse em um movimento de subida, quando, na verdade estava voando para baixo, rumo ao solo.
O desastre aéreo ocorreu no dia 13 de agosto do ano passado, quando o Cessna 560 XL saiu do aeroporto de Santos Dumont, no Rio de Janeiro, rumo à Base Aérea de Santas, no Guarujá, em São Paulo. A aeronave caiu em Santos, no bairro Boqueirão. Além de Eduardo Campos, morreram quatro assessores dele, o piloto e o copiloto Geraldo Magela Barbosa.
Na última comunicação feita com sucesso com a torre de controle de Santos (72 km de São Paulo), o copiloto da aeronave confirmou que o avião iria arremeter. A manobra era necessária por causa do mau tempo no local –havia chuva, vento e visibilidade baixa.
Ainda segundo a reportagem, não foi encontrada falha técnica no avião. As duas turbinas foram avaliadas e não apresentavam nenhum problema. A caixa-preta de voz não pôde ser utilizada para as conclusões finais já que não estava ligada e não registrou conversas no voo.
Os investigadores da Aeronáutica, diz o jornal, afirmam também que o piloto não estava treinado para pilotar aquele modelo de aeronave, o Cessna 560 XL, e não tinha participado de práticas no simulador.Conforme apurado pelos investigadores, a relação entre os dois pilotos não era boa.