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PETRÓLEO

A queda do preço do petróleo aciona o alarme

Óleo vai ao menor preço em cinco anos e castiga os emergentes

Amanda Mars
Em espanhol.
Em espanhol.

O petróleo sempre preocupou mais, ao longo da história, por estar caro do que por estar barato. Assim como com a inflação, que na Europa preocupava por estar alta. Mas no enésimo capítulo desta longa crise, o efeito nos países emergentes e exportadores de petróleo está pesando muito mais nos mercados, inclusive na zona do euro, que vê outro fator causando problemas nos preços que pode penalizar as grandes empresas petroleiras. O custo do barril continua a afundar, chegando ao mínimo dos últimos cinco anos e meio, caindo abaixo dos 50 dólares (às 08h44 da quarta-feira) na referência europeia, o Brent, e retrocedeu para 48 dólares na referência dos EUA. Os analistas tentam entender quais consequências vai ter a queda sobre a economia mundial e qual é o novo piso do ouro negro.

Hoje o petróleo está valendo metade do que há seis meses. Entre junho e dezembro de 2014 sofreu a terceira maior depreciação semestral dos últimos 25 anos. E em apenas três de dias de mercado deste 2015 o Brent já tinha caído 11,5%. Na terça-feira diminuiu 4,5% até 50,72 dólares, o mínimo desde 2009, e na quarta-feira ameaça cair também com força depois de arrancar o dia com uma queda próxima aos 2%. Nas Bolsas e nas divisas, a queda do petróleo arrastou pelo segundo dia consecutivo os índices de referência e o euro.

"O preocupante da queda do petróleo é a possibilidade de quebra de países emergentes e que pegue muitos investidores no contrapé, esse é o medo que está se espalhando nos mercados nestes dias e por isso o dinheiro está indo para investimentos-refúgio como o dólar ou os títulos norte-americanos", afirma o analista Juan Ignacio Crespo. Entre os países mais prejudicados pela queda do preço estão Brasil, Venezuela, Equador e Rússia, que além disso enfrenta as sanções econômicas por seu conflito na Ucrânia.

Crespo vê mais consequências positivas que negativas para a Europa, mas alerta sobre o possível contágio: "É bom que caia o preço da energia para um mercado que precisa importar quase tudo, embora haja efeitos indiretos negativos, já que as exportações para a América Latina sairão prejudicadas e também os investimentos nessa região, onde a Espanha tem muitos interesses", analisa.

A zona do euro teria que encontrar um aliado idôneo neste barateamento tão agudo de um produto do qual é importador, mas a sacudida nas Bolsas é prejudicial e o efeito depressivo nos preços termina sendo contraproducente com um nível de inflação distante do objetivo oficial, que está próximo apesar de ser inferior aos 2%. Os preços da zona do euro, por outro lado, fecharam novembro com um leve aumento de 0,3% e a taxa se aproxima do terreno negativo.

As notícias de recorde de produção e exportações na Rússia e no Iraque detonaram a queda desta semana. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não diminuiu seu nível de produção e ontem, em um discurso lido por seu filho, o rei Abdallah, disse que manterá sua vontade, enquanto o país diminuía os preços a seus clientes europeus. Até agora, a Arábia Saudita preferiu manter sua cota de mercado do que reduzir a oferta para aumentar os preços.

A tendência de baixa do último ano se apoia na menor demanda (pela debilidade econômica geral) em pleno apogeu da oferta, com a nova condição dos Estados Unidos como produtor graças à técnica de fratura hidráulica (fracking). A depreciação do petróleo ameaça inclusive o boom que viveram estados ricos neste tipo de petróleo não convencional, como Dakota do Norte ou Novo México, como mostra o fato de que o número de prospecções nos EUA se reduziu pela quarta semana consecutiva.

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"A questão não é se o mercado vai se reequilibrar, mas quando e a que preço", advertem os analistas do Citi. O banco de investimento rebaixou a previsão de onde está o piso do preço: esta semana suas previsões para 2015 falavam em uma média de 63 dólares, quando o último prognóstico era de 83. Crespo acha que pode chegar a tocar os 48 dólares para depois subir. Nos mercados, cada vez são negociadas mais opções em níveis de 40 e 50 dólares, começando a ter atividade inclusive em níveis de 20 e 30 dólares por barril. No que os especialistas coincidem é que o mundo se encontrou com um novo foco de instabilidade econômica.

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