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Colômbia rechaça a verificação externa do cessar-fogo das FARC

Guerrilha condiciona o fim da violência ao aumento na supervisão do processo de paz

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos.Julio Cortez (AP)

O Governo de Juan Manuel Santos “valorizou” o anúncio da guerrilha das FARC de um cessar-fogo unilateral por tempo indeterminado que começaria neste sábado, o primeiro que decretam em 50 anos, mas não aceitou a “exigência de verificação” proposta pela guerrilha, que pediu que fosse realizada por organizações como Unasul, CELAC, CICR e a Frente Ampla pela Paz, esta última integrada por diferentes setores sociais e partidos políticos da Colômbia.

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Em um comunicado emitido pela Presidência na manhã da quinta-feira, o Governo afirmou que ele mesmo “avaliará o cumprimento dessa decisão por parte das FARC”, já que não quer que se repita o que ocorreu no passado com outras tréguas que foram cumpridas parcialmente pela guerrilha. Além disso, advertiu a guerrilha de que “toda atividade armada e toda ameaça contra a população deve cessar”.

No comunicado, o Governo destaca que a decisão da guerrilha “está na direção certa” e é um “bom início para um processo de decrescimento (do conflito armado)”, do qual ambas as partes vêm discutindo desde o sequestro de um general pelas FARC em meados de novembro, que provocou a suspensão das negociações de paz por três semanas. O Governo acrescentou que esse passo da guerrilha poderia desembocar em uma cessação das hostilidades bilateral, mas apenas no caso de que se consiga a assinatura definitiva da paz, como está pactuado desde o início dos diálogos de paz.

O Governo Santos ratificou que só considera começar a discussão sobre a verificação de “uma eventual cessação bilateral e definitiva” quando se chegar ao ponto da agenda de negociações que trata precisamente sobre o fim do conflito, que inclui assuntos como o abandono das armas e a reincorporação à vida civil dos guerrilheiros que se desmobilizarem. Por enquanto, os negociadores de ambas as partes se concentram em atingir acordos sobre como ressarcir as vítimas do conflito armado.

O Governo quer manter a supervisão do processo de paz

O anúncio do cessar-fogo das FARC, lido na quarta-feira por Iván Márquez, chefe negociador das FARC nos diálogos que acontecem em Havana, inclui como condição que a guerrilha daria por interrompido o processo se for atacada pela força pública. Entretanto, o Governo deixou claro que “continuará cumprindo seu indeclinável dever constitucional de garantir e proteger os direitos dos colombianos”.

O cessar-fogo indeterminado da guerrilha, que foi qualificado pelos analistas como uma decisão que evidencia a maturidade em que se encontra o processo de paz, não foi bem recebido por quem se opõe aos diálogos, como o Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, apesar de terem exigido, precisamente, gestos de paz como esse. Uribe escreveu em sua popular conta do Twitter, que o cessar-fogo das FARC é uma “armadilha” que pretende “paralisar as Forças Armadas”.

Por seu lado, o procurador-geral Alejandro Ordóñez, outro crítico das negociações, qualificou-a como uma “brincadeira” para o país. “O cessar-fogo anunciado pelas FARC não é histórico, nem unilateral, tampouco por tempo indeterminado, pois sua duração está condicionada à paralisação das operações militares e das operações de Polícia contra suas estruturas, quer dizer, de que se faça realmente uma cessação bilateral das hostilidades”, disse em um comunicado difundido por seu escritório.

Horas antes que a administração Santos descartasse a verificação de um organismo externo ao Governo para o cessar-fogo das FARC, o Secretário geral da Unasul, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper, disse que esse organismo estava preparado para cooperar, mas logo esclareceu que só o fará de comum acordo com o Governo. “Trata-se de que todas as partes avalizem a possibilidade de uma intervenção internacional. Entretanto, eu quero destacar que o gesto das FARC é positivo”, disse à rede Blu Radio.

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