Tabaré Vázquez desponta como favorito para a presidência do Uruguai

O cirurgião oncologista Tabaré Vázquez, de 74 anos, ex-presidente do Uruguai, está fazendo o que costumam fazer alguns candidatos a presidente que sabem do seu favoritismo: não concede entrevistas aos meios de comunicação – sejam eles uruguaios ou estrangeiros. Desde que derrotou no primeiro turno seu rival do Partido Nacional (de centro-direita), Luis Lacalle Pou, de 41 anos, por uma margem superior ao que apontavam todos os institutos de pesquisa, Vázquez decidiu fazer campanha no interior do país e não se submeter a nenhuma pergunta.

O segundo turno das presidenciais uruguaias será realizado neste domingo, 30 de novembro. Todos os partidos decidiram economizar. Os anúncios nos meios de comunicação são contados e os cartazes publicitários quase desapareceram das ruas e das estradas. Quase não há comícios, nem mobilização de militantes, nem comentários sobre as pesquisas. No primeiro turno, que aconteceu em 26 de outubro, os institutos de pesquisa foram incapazes de registrar as preferências da opinião pública uruguaia.

Durante semanas, situaram a intenção de voto do partido de Tabaré Vázquez, a Frente Ampla, em 42%, mas a formação ultrapassou os 47% e obteve a maioria absoluta no Parlamento, coisa que também ninguém previu. Portanto, a coalizão esquerdista contará –nos próximos cinco anos– com 50 dos 99 deputados e com 15 dos 30 senadores, mais o vice-presidente da Câmara no caso de Vázquez chegar à presidência. Assim, torna-se a única formação política a conseguir manter a maioria absoluta no Congresso pela terceira vez consecutiva nos últimos 60 anos.

A única incógnita em relação às presidenciais de domingo parece ser a vantagem com a qual Vázquez vencerá Lacalle Pou. Em princípio, as pesquisas lhe dão mais de 15 pontos de vantagem. Nas eleições de 2009, José Mujica venceu Luis Alberto Lacalle, pai do rival de Vázquez, com 52,39% dos votos frente a 43,51% de Lacalle. Esse panorama quase não variou apesar de que estas eleições tenham sido anunciadas como as mais renhidas dos últimos anos.

A hegemonia da Frente nocauteou a oposição do Partido Nacional e do Partido Colorado, cujo líder pediu voto em Lacalle Pou. O rival de Vázquez ficou animicamente arrasado com os resultados, como informaram em seu próprio círculo, e suas aparições neste segundo ato da corrida eleitoral foram contadas. Mas, nos últimos dias, prognosticou-se que poderia haver surpresas de última hora.