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Angola busca uma “solução nacional” para a Portugal Telecom

Vários fundos preparam uma oferta de compra, superior aos 22 bilhões de reais da Altice

HUGO CORREIA (REUTERS)

Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, entra nas apostas para ficar com a Portugal Telecom. Depois da firme oferta da Altice e a seguinte de vários fundos internacionais, Dos Santos manifestou estar interessada em uma solução que defenda “os interesses nacionais” da Portugal Telecom (PT).

Se no domingo à noite a Altice apresentou uma oferta para comprá-la por 7.025 bilhões de euros (cerca de 22 bilhões de reais), sob diversas condições, nesta quarta-feira, segundo a agência Bloomberg, os fundos de investimento Apax, Bain e CVC preparavam uma oferta própria de 7.035 bilhões de euros. De acordo com a agência, essa oferta teria o apoio das entidades governamentais e dos acionistas com poder para bloquear a venda, como é o caso do Novo Banco e, indiretamente, do Banco de Portugal.

Os analistas financeiros do banco português BPI afirmam que, se for concretizada, a oferta dos fundos seria mais conveniente para os interesses da OI. “O Apax e seus parceiros têm uma grande vantagem sobre a Altice”, diz a nota. “O processo dos reguladores do mercado seria muito mais rápido.” No caso da oferta da Altice, essa empresa é dona em Portugal da operadora de TV a cabo Cabovisão, motivo pelo qual as autoridades teriam de aprovar a fusão, com a consequente demora na aquisição. “Consequentemente, acreditamos que uma oferta dos fundos nas mesmas condições da Altice deverá ser a preferida pela OI.”

"O Apax e seus sócios têm uma grande vantagem sobre a Altice: que o processo dos reguladores do mercado seria muito mais rápido"

A operadora brasileira OI, que tem mais urgência para vender a PT, para reforçar seu mercado no Brasil, enfrenta um cenário complexo. Além da oposição à venda por parte de sindicatos e economistas portugueses, que fizeram um chamado para impedir isso, o grupo angolano UNITEL, de Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, deixou claro que adotará as medidas legais a que têm direito como acionista da PT se os ativos dessa empresa na África forem vendidos sem contar com sua permissão. Na realidade, a OI quer se desfazer já da sociedade Africatel, o negócio nesse continente, onde a Unitel possui 25%.

A assembleia de acionistas da Unitel, reunida na terça-feira em Luanda, aprovou a adoção de ações legais contra a OI por ter feito, como parte do processo de fusão com a PT, acordos que rompem o acordo societário firmado no ano de 2000 entre a PT e a Unitel.

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Além dos interesses na PT, Dos Santos, por intermédio da empresa Zopt (na qual detém 50,1%) participa da operadora portuguesa NOS, competidora direta da PT em televisão por assinatura, onde possui a maioria do mercado. O outro sócio da NOS é o grupo português Sonae, que teve bloqueada em 2006 a OPA sobre Portugal Telecom. Agora, Dos Santos – que iria em companhia da família Acevedo, proprietária da Sonae – anuncia em um comunicado que, pelo bem do “interesse nacional”, poderiam estar interessados na compra da PT. “A Zopt e a Sonae manifestam sua disponibilidade”, diz a nota, “para integrar uma solução que, em aberta colaboração com as partes envolvidas, garanta o necessário compromisso de interesses, promovendo a defesa do interesse nacional”.

A iniciativa seria, sem dúvida, mais bem acolhida pelas forças econômicas e políticas portuguesas, mas é praticamente impossível, de acordo com as regras de competição do mercado. A PT e a NOS juntas teriam em Portugal 87% da televisão paga, 63% dos clientes de celulares, 85,4% da telefonia fixa e 84% dos acessos à Internet.

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