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Neste fim de semana, saia dos padrões

Uma canção no topo da ‘Billboard’ sobre ter quilos a mais, um filme sobre concursos de beleza e uma exposição do Laerte convidam a ser ‘diferentes’

Cena do filme "Três belezas", sobre concursos de misses.
Cena do filme "Três belezas", sobre concursos de misses. Divulgação

Vivemos tempos democráticos, só que não. Vamos às urnas votar livremente, mas somos muitas vezes hostilizados nas redes sociais e até na rua por nossas preferências políticas. Podemos pintar os cabelos de qualquer cor, mas nos guiamos religiosamente pelo estrito padrão de beleza das revistas femininas. Temos uma infinidade de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos à disposição dos nossos corpos, mas “ai” de quem ousar se vestir com as roupas do sexo oposto.

Chegou a hora de agir diferente, e pode ser este mesmo fim de semana.

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Reunimos três eventos culturais em cartaz em São Paulo que inspiram quem está (ou quer estar) em paz com suas próprias singularidades a celebrar as diferenças que caracterizam a nós, seres humanos, desde sempre.

A ousadia começa com a canção que está há seis semanas no topo do ranking da Billboard: All about that bass, de Meghan Trainor – uma norte-americana de 20 anos que despontou para a fama ao decidir cantar sobre amar seu corpo como ele é. A cantora, que compõe suas próprias canções desde os 11 anos, diz que “sempre esteve acima do peso” e que finalmente decidiu seguir o conselho da mãe “de não ligar tanto para isso” quando criou o seu hit. Ele finalmente veio à tona com a ajuda do produtor Kevin Kadish, que ela conheceu quando se mudou para Nashville, e meses depois caiu nas graças da Epic Records, subsidiária da Sony Music. O resto a gente já sabe.

A música se embala num ritmo pop dos anos 60 para cantar que “I see the magazines working that Photoshop” (vejo as revistas abusando daquele Photoshop) e “You know I won’t be no stick-figure, silicone Barbie doll” (você sabe que não vou ser vara pau, Barbie siliconada). 

Já no marco da 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um filme venezuelano aborda a típica obsessão latino-americana por concursos de beleza e faz valer o ingresso do cinema. Em Três belezas, de Carlos Caridad Montero, Perla está obcecada em ter uma miss em sua família, e disposta a fazer tudo para que esse sonho se realize – inclusive destruir a harmonia da casa. O diretor pesquisou o tema por 15 anos antes de rodar o filme e diz que, na Venezuela, ter sido reina de alguma coisa é grave a ponto de definir se uma mulher consegue ou não um emprego.

Apesar de passagens como a de sessões de depilação com cera em uma criança e da mãe que ensina as filhas a vomitar depois das refeições, Três belezas – com sessões nesta sexta-feira, 24, e na próxima quarta, 29 – questiona uma cultura que de tempos em tempos entra em pauta, mas continua em pleno vigor em nossas sociedades. E por quê mesmo?

Finalmente, Ocupação Laerte é a exposição sobre a vida de Laerte Coutinho, cartunista brasileiro que incomoda muita gente desde que, em 2010, se declarou uma pessoa transgênera e optou pelo crossdressing, passando a sair por aí vestido de mulher. São mais de 40 anos de produção artística curados pelo próprio Laerte e pelo seu filho Rafael Coutinho, quadrinista também. Cerca de 2.000 trabalhos aparecem dispostos sob um percurso afetivo, político e criativo de alguém que faz a diferença, ainda por cima, ao servir em pessoa o debate sobre identidade, sexo e gênero no Brasil.

Um evento quase tão obrigatório como sair para votar no próximo domingo, de preferência sem ser hostilizado. Em cartaz até o dia 2 de novembro no Itaú Cultural.

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