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OPS: A América Latina está “preparada” para o ebola

A Organização Panamericana de Saúde não descarta que haja algum caso na região, mas destaca a importância de não ser alarmista

Auxiliar de enfermagem contrai ebola na EspanhaFoto: atlas
Silvia Ayuso

O primeiro diagnóstico de ebola nos Estados Unidos demonstrou esta semana que a epidemia que está causando estragos no oeste da África pode chegar, apesar dos esforços para contê-la, a lugares remotos, sobretudo na era da globalização e das viagens constantes de um ponto a outro do planeta. Apesar de a América Latina não ser a priori o destino de pessoas oriundas dos países mais afetados, o fato de receber numerosos turistas de todo o mundo exige que não se baixe a guarda.

O doutor Marcos Espinal, da Organização Panamericana de Saúde (OPS), dá um exemplo prático: “Um caso hipotético é o de alguém de qualquer nacionalidade que esteja trabalhando na Libéria e seja infectado, depois volte a seu país sem se dar conta. Cinco dias depois, parte para férias planejadas em uma praia da América Latina. Pode ir, entrar sem problemas porque não tem sintomas (o ebola tem um período de incubação de até 21 dias nos quais pode não demonstrar sinais de contágio) e cinco dias depois, na praia, desenvolve os sintomas. E pode ser ebola, é claro”.

Espinal, que é o diretor do departamento de Doenças Transmissíveis e Análise da Saúde da OPS, apresentou um relatório sobre o ebola aos ministros da Saúde da América Latina e Caribe reunidos esta semana na sede da organização em Washington para discutir “desafios sanitários regionais”.

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O especialista garante que não há motivos para disparar alarmes na região. O que não impede, pontua, que não se deva estar preparado para qualquer eventualidade, algo em que, segundo afirma em entrevista ao EL PAÍS, já está sendo trabalhado na região.

Pergunta: O ebola pode chegar à América Latina?

Resposta: Claro que sim. Não podemos descartar que uma pessoa que tenha se infectado, mas que não desenvolveu sintomas ou a doença, tome um avião e vá de férias para algum lugar turístico da América Latina e, cinco ou seis dias depois, comece a desenvolver a doença. E a América é turística de cima abaixo, da Patagônia ao Canadá.

P: A América Latina está preparada para um eventual caso de ebola na região?

R: Está bem preparada, mas é possível fazer mais. É preciso lembrar que existe o que se chama de regulamento sanitário internacional, que orienta os países a implementar uma série de ações, e isso está sendo feito desde 2007 para conter surtos como o ebola, como a epidemia de gripe.

P: Quais são as prioridades?

R: O importante no caso ebola é ter disponível uma sala de isolamento para que a pessoa que chegar com sinais e sintomas seja imediatamente isolada e, em segundo lugar, encontrar os contatos dessa pessoa e observá-los por 21 dias muito de perto, com medições de temperatura e checagens médicas diárias para ver se desenvolvem alguma coisa. Isso é o mais importante. Depois também estão as ações de prevenção e controle de infecções nos hospitais. Outro ponto chave é a educação e a comunicação com as pessoas. Há muitos países que já têm suas unidades, outros estão sendo identificadas. A América Latina não está começando do zero, mas pode fazer mais, é claro.

P: Há motivos para preocupação?

R: Não se descarta que o ebola chegue, mas também não significa que será como a gripe, porque o ebola não é transmitido pelo ar nem por mosquitos, como a febre chikungunya, por exemplo. Por isso, não há porque se alarmar. O que é preciso fazer é ter a cabeça fria para se preparar para a potencial entrada do ebola e, se estivermos preparados, estou seguro de que é possível administrar a situação perfeitamente. O importante é que não deitemos para dormir pensando que não é preciso fazer mais nada. É preciso estar preparados. (Na OPS) estamos satisfeitos, mas também dizemos que é possível fazer mais, pedimos que esse preparo se mantenha, que asseguremos, planejemos onde estão os pontos fracos, porque às vezes a questão está nos detalhes.

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