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Cebrián: “A América Latina deve se preparar para o tsunami digital”

Presidente executivo do PRISA acredita que o fenômeno do Estado Islâmico se deve ao fracasso da primavera árabe

Ramón Muñoz
Juan Luis Cebrián, na Assembleia do CEAL.
Juan Luis Cebrián, na Assembleia do CEAL.LUIS SEVILLANO

O presidente executivo do PRISA, Juan Luis Cebrián, disse na quinta-feira que a “América Latina deve se preparar para o tsunami digital” que já atingiu a Europa e os Estados Unidos mudando radicalmente o panorama dos veículos de comunicação e a indústria cultural, tanto nos seus modelos de negócio como em sua relação com os usuários.

O executivo indicou que enquanto na Europa e nos Estados Unidos os veículos da mídia e, particularmente, os jornais e o mundo editorial, sofreram uma severa crise pela irrupção dos meios de comunicação online, na maioria dos países da América Latina esse processo não ocorreu e até mesmo vem acontecendo um boom da publicidade. Mas se mostrou convencido de que esse fenômeno será reproduzido em breve na região e que os veículos de mídia latino-americanos devem enfrentar essa revolução digital como uma oportunidade e não como um problema.

“Não acreditem na miragem de que não vão sofrer o mesmo que passamos por aqui. E as novas tecnologias vão mudar fundamentalmente o espectro dos veículos de comunicação, e isso vai afetar não apenas em seu negócio, mas na estruturação das opiniões públicas e como a democracia funcionará no futuro", indicou o diretor durante seu discurso na XXV Assembleia Plenária do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL), que se realiza em Madri.

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O presidente executivo do PRISA (grupo editor do EL PAÍS) indicou que a América Latina tem um grande potencial pois trata-se de um mercado cultural único de 730 milhões de pessoas, no qual a penetração da Internet é de somente 54%, mas com um amplo perfil de crescimento graças ao aumento da classe média e a extensão de redes que está sendo realizada pelos operadores.

Cebrián insistiu na boa saúde que a imprensa impressa goza na região, ainda que tenha alertado sobre leis que limitam o investimento estrangeiro nos veículos de comunicação em alguns países (Venezuela, Equador, Argentina e outros), na instrumentalização da justiça para assediar os veículos da mídia e na presença de fortes monopólios dominantes locais cuja relação com o poder político é ambivalente e perigosa para a formação da opinião pública.

Ele relembrou que o PRISA tem trabalhado para ser um grupo global, no qual a metade dos rendimentos vêm da América Latina, que logo será a principal fonte de faturamento. “Logo seremos mais ibero-americanos do que espanhóis”, disse, e lançou alguns dados para ressaltar a importância da região para o grupo de comunicação: 78% da renda da Santillana vem da América Latina; o jornal EL PAÍS tem 5,9 milhões de usuários únicos e as rádios do grupo, 29,8 milhões de ouvintes.

Cebrián também analisou o fenômeno do Estado Islâmico e o atribuiu ao fracasso do movimento da primavera árabe, que começou no Egito e gerou uma miragem que levou a se acreditar que poderiam ser estabelecidas democracias nos países do norte da África e Oriente Médio. “Nenhum desses países, com a exceção da Tunísia, se salvou do desastre”, indicou. Nesse sentido, recordou que esses movimentos foram gerados em grande medida pela capacidade de mobilização das redes sociais, que modificaram a opinião pública, mas essa mudança foi aproveitada pelos movimentos extremistas.

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