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Os EUA diminuem o ritmo de criação de empregos em agosto

Foram criadas 142.000 vagas, um número abaixo do esperado

Protesto em Nova York contra os baixos salários.
Protesto em Nova York contra os baixos salários.JOHN TAGGART (EFE)

Os Estados Unidos moderaram o ritmo de criação de empregos em agosto, com uma ocupação de apenas 142.000 postos de trabalho. Os dados interromperam seis meses seguidos de robusta criação de emprego, com 200.000 vagas ocupadas mensalmente em média entre fevereiro e julho. O número é pior do que o esperado por Wall Street e pode esfriar o debate interno do Federal Reserve (o banco central norte-americano) sobre a primeira alta de taxas de juros. O índice de desemprego baixou um décimo, para 6,1%.

A leitura de agosto é a mais fraca desde dezembro. Mas é um indicador que está muito sujeito à sazonalidade. Por um lado, aumenta a contratação em setores como serviços, mas cai no manufatureiro e na educação. Ainda que o consenso de mercado antecipasse 228.000 vagas e que a criação de emprego tenha freado quando se compara com as 210.000 de julho, a primeira estimativa já é uma melhora frente aos 80.000 empregos em média registrados nos últimos cinco anos neste mês.

Até o momento em 2014, a economia dos Estados Unidos somou uma média de 215.000 empregos mensais apesar do baixo rendimento em janeiro e agosto. Há um ano foram 194.000 vagas. O desemprego, por sua vez, está no nível mais baixo em seis anos. Mas em grande parte se deve a uma contração na força de trabalho. A taxa de participação caiu um décimo, a 62,8%, ao nível de três décadas e meia atrás. Os dados mostram que houve 64.000 pessoas que se afastaram.

O total de desempregados é de 9,6 milhões de pessoas, dais quais três milhões são de longa duração. O desemprego afeta 19,6% dos jovens. Também há 7,3 milhões de pessoas forçadas a trabalhar em tempo parcial. Agora, no entanto, vai ganhando peso a contratação no índice geral, e isso poderia animar mais pessoas a voltar ao mercado de trabalho para buscar trabalho de forma ativa se sentir que há oportunidades. Isso poderia provocar uma alta do desemprego.

O último Livro Bege do Fed, o qual analisa a evolução da atividade econômica nas diferentes regiões do país, oferece um tom em geral positivo tanto do lado do crescimento como da demanda, apesar de continuar classificando o ritmo da recuperação de modesto a moderado. Os seus modelos projetam agora uma expansão de 3,2% no terceiro trimestre, dentro do crescimento potencial. No segundo, foi de 4,2%.

Diante desta situação, o normal é que o Federal Reserve volte a fechar um pouco mais a torneira dos estímulos em sua próxima reunião, no final do mês. Na última, realizada em julho, deixou a compra de dívida limitada a 25 bilhões de dólares por mês. A ideia é acabar com o mecanismo até novembro. Em paralelo, o banco central dos EUA está preparando o terreno para a primeira elevação de taxa de juros em oito anos. A questão é quando.

Caminhos opostos

O dado de emprego de agosto concede argumentos a ambas as partes que estão enfrentando discussão dentro do Fed sobre o momento para voltar à normalidade monetária. O que é uma evidência é que os EUA se distanciam ainda mais da estratégia que está seguindo na zona do euro o Banco Central Europeu, que na quinta-feira seguiu a tendência oposta ao cortar os juros a 0,05% e apresentou um plano para proceder a compra de dívida, com o objetivo de apoiar o crescimento e combater a baixa inflação.

Isso, de qualquer forma, não quer dizer que a economia dos EUA tenha todos os seus problemas resolvidos. No mercado de trabalho as coisas seguem melhorando, como mostra o último Livro Bege. Mas os salários continuam em geral estagnados, apesar do sólido aumento da contratação nos últimos oito meses, e as empresas ainda têm dificuldades para contratar empregados qualificados para ocupar os postos vagos. Isso está reduzindo o potencial de criação de empregos e afetando o conjunto da economia para crescer mais rápido. Janet Yellen, a presidente do Fed, trata por isso de ter uma imagem o mais completa possível do mercado de trabalho antes de subir os juros. Como indicou em sua última intervenção na reunião de chefes de bancos centrais em Jackson Hole, o importante agora é entender se os fatores que servem de lastro são cíclicos ou estruturais.

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