A busca desesperada por oito mineiros soterrados na Nicarágua
Os homens estão enterrados desde a quinta-feira, quando desabou a mina lacrada na qual procuravam ouro
A alegria de se ter resgatado com vida 20 mineiros artesanais soterrados em uma velha mina de ouro localizada na região norte do litoral caribenho da Nicarágua deu lugar à angústia por não se poder localizar outros oito homens, presos no local desde a quinta-feira passada, quando ocorreu um deslizamento de terra em uma montanha conhecida como El Comal. O difícil acesso aos túneis, lacrados há anos, e os temporais que assolam o país prejudicam as operações de resgate. As autoridades estão trabalhando contra o tempo para encontrar os mineiros. “As probabilidades de encontrá-los com vida são limitadas”, disse Alexander Alvarado, prefeito de Bonanza, município localizado a quatro quilômetros do local do desabamento.
Os homens ficaram presos na mina na manhã da última quinta-feira, quando procuravam ouro de maneira artesanal, sem contar com o equipamento técnico adequado. As autoridades já tinham alertado sobre o perigo de escavar em El Comal, por causa das péssimas condições do solo e do risco de desabamentos. Após a avalanche, dois mineiros conseguiram sair da mina por conta própria, mas outros 27 ficaram presos. As autoridades foram avisadas sobre o colapso seis horas depois, e então deram início aos trabalhos de resgate, que permitiram retirar com vida 20 mineiros artesanais, que na Nicarágua são chamados “güiriseros”. A felicidade se transformou em lástima quando se soube que outros oito homens continuavam retidos na mina, segundo informação oficial do Governo nicaraguense.
Participam das operações de resgate a Prefeitura local, várias dezenas de militares, oficiais da Polícia e do Exército, bombeiros, funcionários da Comissão Municipal de Prevenção de Desastres (Comupred) e da Direção Geral de Minas, além de mineiros que conhecem bem a região, assim como pessoal especializado da empresa Hemco, de capital colombiano, que conta com amplas concessões de outro na área, conhecida na Nicarágua como Triângulo Mineiro por ser a principal zona de extração do metal precioso.
O Governo do presidente Daniel Ortega está dedicando atenção especial aos trabalhos de resgate, e a primeira-dama e porta-voz do Executivo, Rosario Murillo, aparece várias vezes por dia diante dos meios de comunicação oficiais para informar sobre as operações das equipes de resgate. Foi Murillo quem divulgou os nomes dos homens desaparecidos, que incluem um adolescente de 18 anos, José González Flores, e outro jovem de 19, Jairo Méndez López. A família Méndez experimentou o alívio e a angústia simultaneamente, ao ver emergir entre os resgatados de sexta-feira o pai, Brígido Méndez, e um de seus filhos, Edwin Méndez. Florinda López, a mãe, ainda espera com ansiedade por notícias sobre seu filho desaparecido. Além dos jovens, também estão soterrados José Armando Díaz, de 25 anos; Álvaro Pérez Arauz, de 29; José Martínez Hernández, de 23; Juan Carlos Barrera Rodríguez, de 25; Absalón Lam e Jacobo Gutiérrez, de 30 anos.
O delegado Otilio Duarte, chefe da Polícia Nacional para o Triângulo Mineiro, disse que grupo de 10 homens estão fazendo turnos de uma hora nos trabalhos de resgate devido às difíceis condições na área. “Estamos buscando os desaparecidos, trabalhamos nos túneis, mas ainda não os encontramos. Vamos continuar trabalhando. Tomamos medidas para que as equipes de resgate acelerem o trabalho porque queremos saber onde estão essas pessoas”, afirmou o oficial, acrescentando a seguir que as autoridades estão prestando atendimento aos familiares que esperam desesperadamente por notícias dos mineiros. As esperanças de encontrá-los com vida diminuem à medida que o tempo avança. “[Encontrá-los] com vida não é possível. Quem sabe conseguem encontrar [os corpos]”, disse à revista Confidencial, de Manágua, Concepción Arauz, presidente da Cooperativa de Mineiros Artesanais de Bonanza e mineiro com 17 anos de experiência.
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