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A Rússia anuncia o envio de um novo comboio humanitário à Ucrânia

Moscou assegura que não apresentará nenhum novo plano de paz na reunião de Minsk

O ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, anuncia as novas medidasFoto: reuters_live

A Rússia não tem uma “fórmula mágica” para desbloquear a crise da Ucrânia e aparentemente não levará a Minsk um novo plano de paz, mas insistirá que sejam cumpridos os acordos que anteriormente haviam sido concordados, especialmente um cessar-fogo sem condições prévias. Isto é o que se pode entender das declarações do ministro de Relações Exteriores do Kremlin, Sergey Lavrov, nas vésperas da reunião que será realizada na capital da Bielorrússia com a participação dos chefes de Estado da União Aduaneira (Bielorrússia, Cazaquistão e Rússia) mais o presidente ucraniano Petro Poroshenko e três comissários europeus. Lavrov assinalou também que Moscou está pensando em enviar outro comboio de ajuda humanitária ao leste da Ucrânia, onde a situação de seus habitantes continua piorando e já estão documentadas mais de 1.800 vítimas.

“Confio em que nossos colegas ocidentais cheguem à reunião de Minsk sem esperar que resolvamos tudo com uma fórmula mágica, porque isso não vai acontecer, mas preparados para influenciar a parte ucraniana com o objetivo de que compreendam que esta não é uma luta a favor da Ucrânia e contra a Rússia, mas uma luta pela Ucrânia como Estado no qual todos - ucranianos, russos, húngaros e outros povos - possam conviver”, apontou Lavrov. Para isso, opinou, é preciso respeitar a cultura e o idioma dos outros povos, entre eles os russos étnicos, que representam perto de 1/3 da população desse país (os falantes de russo representam ainda mais: a metade de seus habitantes).

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Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, acrescentou que na “possível” reunião entre Putin e Poroshenko em Minsk discutirão a crise ucraniana, a ajuda humanitária, o fluxo de refugiados e as relações bilaterais à luz da assinatura do tratado de associação entre Ucrânia e a União Europeia.

Enquanto o encontro diplomático é preparado, Kiev denunciou na manhã de segunda-feira a suposta entrada de uma coluna de 30 tanques em território ucraniano no sul da província de Donetsk, perto de Markino. O comboio militar se dirigiria até Mariupol, cidade sob controle de Kiev no mar de Azov. Lavrov, comentando estas acusações, disse que por parte de Kiev “já existe suficiente desinformação” sobre as hipotéticas incursões armadas russas. Acusar a Rússia de violação da fronteira ucraniana por parte de militares sem apresentar provas é algo inútil, apontou o ministro de Relações Exteriores. Se alguém tem dados concreto a respeito, que apresente os materiais para corroborarem, disse Lavrov.

Sobre a ajuda humanitária, Lavrov tinha informado que no domingo, Moscou enviou “uma nota oficial ao Ministério de Relações Exteriores da Ucrânia”, na qual informava “do propósito de preparar um segundo comboio” para aliviar a situação dos habitantes de Lugansk, um dos bastiões separatistas onde existe uma severa escassez de alimentos. Esta cidade do leste da Ucrânia encontra-se há duas semanas sem luz, água ou comunicação telefônica de nenhum tipo e sofre periodicamente o bombardeio de artilharia das forças governamentais, que a mantém semi-cercada.

Lavrov sublinhou que Moscou deseja “chegar a um acordo em todas as condições” da entrega dessa ajuda humanitária com a “participação dos agentes e guardas de fronteira ucranianos e evitar “os mal-entendidos” que ocorreram com o primeiro comboio russo. A coluna com mais de 260 caminhões e ao redor 1.800 toneladas de alimentos entrou na sexta-feira em território ucraniano - depois de vários dias de espera na fronteira -, sem ter recebido a aprovação final de Kiev, o que provocou críticas internacionais. O Kremlin decidiu que era “intolerável” continuar aguentando os “obstáculos artificiais” colocados pelo governo da Ucrânia. Depois de deixar a ajuda em Lugansk, os veículos voltaram para a Rússia.

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