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Zombarias musicais para a ex

Fito Páez cria polêmica ao criticar a postura política de sua ex- namorada em uma canção

Alejandro Rebossio
Fito Páez no Festival de Viña del Mar em Santiago de Chile.
Fito Páez no Festival de Viña del Mar em Santiago de Chile.felipe trueba (efe)

O roqueiro argentino Fito Páez, que fez um tortuoso e fugaz duo com Joaquín Sabina em 1998, investiu –em uma nova canção difundida nas últimas semanas– contra sua última namorada, Julia Mengolini, que trabalha em uma emissora nacional e não que ser identificada como “jornalista militante” do kirchnerismo. Ambos elogiaram o Governo de Cristina Kirchner muitas vezes, mas agora o roqueiro de 51 anos dedicou à jornalista, de 32, o tema Rock & roll revolution, em que zomba da postura política daquela com quem manteve um relacionamento entre 2012 e 2013.

“Você pensa na tua revolução / eu penso que te falta muito rock and roll / Que merda são tuas batalhas culturais / se te dão medo os artistas siderais”, começa a canção de Páez, um dos roqueiros mais conhecidos da Argentina, o mesmo que em abril dedicou à já ex-namorada a canção Ojalá que sea, na qual dizia que ainda a amava. “Você gosta que existam bons, que existam maus, / eu creio que todos somos heróis e vilões”, continua Rock & roll revolution. Na canção, Páez critica também os oposicionistas que presumivelmente preferem que um golpe de Estado acabe com 11 anos de kirchnerismo: “Alguns querem voltar a golpear quartéis, / outros se tornam Guevaras sem louros”, canta o músico de Rosário, que em 2011 chegou a dizer que a metade de Buenos Aires lhe dava “asco” porque havia reelegido como prefeito o conservador Mauricio Macri, agora candidato à presidência.

“Não me fale de política garota/ quero ser teu love (amor), / e que me toque dentro das minhas calças”, acrescenta o roqueiro que se tornou famoso em toda a América Latina com temas como Ciudad de pobres corazones, Solo los chicos, Fue amor, El amor después del amor, Circo beat, Mariposa technicolor. E também Llueve sobre mojado, que compôs com Sabina para uma turnê de mais de 70 concertos que acabou sendo cancelada por causa da conflituosa relação entre ambos. “Urge acabar logo com a turnê do verão e a confusão do vídeo. O papel do patinho feio não é para mim, te garanto, e menos o de homem duro, que para você custa tão pouco”, dizia o poema que então lhe dedicou o músico andaluz, com o qual se reconciliou publicamente 10 anos depois.

Julia Mengolini qualificou-o no Twitter de “despeitado” e pouco cavalheiro

Ao saber que era protagonista da nova canção, Mengolini não ficou calada: “Que merda que você ficou despeitado”, respondeu a jornalista a Páez pelo Twitter. “Uma saudação aos meus outros ex, que foram cavalheiros e que, como muitos da minha geração, pensam que não é uma babaquice falar de política”, escreveu.

Outro colega contemporâneo de Páez, Andrés Calamaro, opinou sobre a canção na mesma rede social: “Diria que a polêmica letra de Rodolfo (verdadeiro nome do músico rosarino) se dirige a uma nova geração militante... É despeito ideológico. Muita gente que sigo escreveria esses mesmos versos a essa geração de militantes menores de 40 anos…”. E lembrou que escreveu suas canções “despeitadas” sendo casado.

Em uma entrevista à revista Rolling Stone, em 2012, Páez disse que se sentia próximo do kirchnerismo. “Vejo que tem algumas pessoas tentando construir algo que se parece mais com os valores com os quais fui criado. E outras pessoas não, têm uma tradição das coisas de que eu não gosto. Então, não sei se os quero à minha mesa. Temos que conviver. Aprender a divergir sem chegar ao chumbo (arma de fogo)”. Não chegou ao chumbo, mas as diferenças políticas com a ex-namorada terminaram em canção.

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