Um vídeo revela a proximidade do narcotráfico com políticos no México
Um vídeo mostra o filho de um ex-governador de Michoacán em uma reunião com um traficante
Em janeiro, enquanto o governador de Michoacán, Fausto Vallejo Figueroa, firmava com o Executivo de Enrique Peña Nieto uma estratégia para acabar com o crime organizado no estado, o filho do mandatário estatal negociava com o líder do cartel dos Cavaleiros Templários. Um vídeo difundido pela agência de noticias mexicana Quadratín mostra Rodrigo Vallejo Mora conversando com o traficante Servando Gómez Martínez, chamado de La Tuta, em uma pensão à beira de uma estrada.
A reunião contou com a participação de ao menos duas pessoas mais (a que se encarrega da gravação e uma mulher sentada de costas para a câmera) transcorre em um ambiente descontraído. O encontro teria servido, segundo a agência interpreta, para analisar a situação do Governo. E, além disso, para encontrar novos mecanismos de comunicação e trabalho no âmbito da crise provocada pelas ausências recorrentes do então mandatário – acometido por uma doença que publicamente nunca quis revelar. Fausto Vallejo renunciou ao cargo no dia 18 de junho alegando motivos de saúde, poucos dias depois da difusão de uma fotografia de ínfima qualidade na qual já se via Rodrigo com La Tuta. O então governador de Michoacán apareceu em um noticiário estatal defendendo o filho, argumentando que ele havia sido obrigado, como tantos outros, a se reunir com o líder templário. As imagens difundidas nesta segunda-feira, contudo, mostram um homem relaxado, que chama Servando Gómez de “cafetão” enquanto bebe uma lata de cerveja.
No vídeo – que tem pouco mais de 18 minutos – o filho de Vallejo Figueroa revela ao líder criminoso que seu pai teria de ser submetido a vários transplantes de órgãos: “Vão trocar o pâncreas, vão trocar o fígado, vão trocar o intestino. Ou seja, são cinco coisas, é multivisceral”.
La Tuta comenta na gravação que um deputado federal do PRI o procurou para considerar a possibilidade de ser governador interino, enquanto que a senadora do PAN, Luisa María Calderón Hinojosa, e o atual presidente da Junta de Coordenação Política em San Lázaro, Silvano Aureoles Conejo, do PRD, operaram, diz, contra ele.
A também ex-candidata ao governo de Michoacán e irmã do ex-presidente do México Felipe Calderón (2006-2012) garantiu nas últimas horas que o vídeo evidencia a relação entre Rodrigo Vallejo e Servando Gómez e é a prova mais clara de que Fausto cogovernava com o líder dos Cavaleiros Templários por meio de seu filho. “A relação entre os criminosos e o Governo ampliou seu poder, controle, violência e domínio sobre a economia e a vida em Michoacán; prejudicaram os michoacanos”, asseverou. A senadora já havia feito acusações no mesmo sentido em novembro de 2013.
Os dirigentes do PRD no estado exigiram às autoridades federais proceder à captura imediata de Rodrigo Vallejo. "Está comprovado que Rodrigo Vallejo Mora não apenas se reuniu com Servando Gómez Martínez, La Tuta, mas que aceitou realizar favores ao líder do crime organizado e até se comprometeu a colocar recursos do Estado à sua disposição", afirmam os membros do PRD em um comunicado. "Diante disso, a Federação é obrigada a localizar e deter o filho de Fausto Vallejo para que esclareça todos os pactos e acordos que fez".
Outros personagens da vida política michoacana que apareceram em vídeos com La Tuta já estão presos. É o caso do ex-governador interino Jesús Reyna García, o segundo no Executivo de Vallejo, detido em abril; o prefeito de Lázaro Cárdenas, Arquímedes Oseguera, ou o ex-deputado e líder do transporte no estado, José Trinidad Martínez Pasalagua, entre outros.
Quando o movimento de autodefesa – civis armados – se levantou no estado para combater os abusos dos Cavaleiros Templários, uma das principais denúncias de seus líderes se referia aos nexos entre o crime organizado e o Governo regional. Desde janeiro, o Executivo federal organizou uma operação de segurança para desmantelar o crime organizado. Depois das mortes do fundador do cartel, Nazario Moreno, apelidado de El Chayo, e de Enrique Plancarte, La Tuta é o principal dirigente do grupo ainda fugitivo.
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