O Hamas anuncia um novo cessar-fogo humanitário de 24 horas
O primeiro-ministro israelense acusou o grupo islamita de violar o seu próprio cessar-fogo, declarado depois da intervenção da ONU e sobre o qual Israel mantém um mutismo oficial
Apesar do anúncio por parte do Hamas de uma trégua humanitária de 24 horas que deveria ter entrado em vigor às 14 horas locais (8h de Brasília), as hostilidades prosseguem neste domingo em Gaza, com o Exército israelense respondendo ao lançamento de foguetes da Faixa de Gaza, o que resultou em pelo menos dez palestinos mortos, segundo os serviços locais de emergência. Ambas as partes se culparam mutuamente pela responsabilidade na retomada dos enfrentamentos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o grupo islamita de violar seu próprio cessar-fogo, declarado depois da intervenção da ONU e sobre o qual Israel mantém um mutismo oficial. O chefe do Executivo israelense declarou à rede de televisão CNN que “houve dois cessar-fogos humanitários nas últimas 48 horas que nós autorizamos, e o Hamas violou”.
Passadas as 14 horas, milicianos de distintas facções armadas palestinas dispararam pelo menos meia dúzia de foguetes e projéteis de morteiro contra território israelense.
A decisão de declarar uma trégua humanitária de 24 horas foi tomada, segundo o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, depois de “levar em conta a situação de nosso povo” e da intervenção do enviado especial da ONU na região, Robert Serry, que entregou a proposta às autoridades de Israel. Meios locais disseram que o Executivo de Netanyahu não pretendia pronunciar-se sobre esse cessar-fogo.
Horas antes, por volta das 10 horas deste domingo, as bombas regressaram à Faixa de Gaza, depois de 24 horas sem fogo israelense contra o território. No sábado, Israel e as facções palestinas armadas respeitaram 12 horas de cessar-fogo que o Gabinete de Segurança israelense decidiu prorrogar unilateralmente por outras 24 horas. As milícias do Hamas não aceitaram esse cessar-fogo e retomaram o lançamento de foguetes contra Israel no sábado à noite. O Exército israelense anunciou esta manhã o reinício de suas “atividades” na Faixa.
O eco das bombas no perímetro oriental de Gaza era bem perceptível na costa ocidental.
A trégua de 12 horas serviu aos palestinos para avaliar os danos causados desde que Israel começou sua maciça operação contra Gaza em 8 de julho. Milhares de pessoas entraram pela primeira vez depois de muitos dias nas áreas castigadas pelos bombardeios. Em Shiyaiya, a leste da Cidade de Gaza, não resta pedra sobre pedra. Os moradores procuravam recolher os cadáveres de seus parentes entre as ruínas do bairro antes que o cessar-fogo terminasse.
Em Beit Hanun, duramente bombardeada nos últimos dias, o panorama é parecido com o de Shiyaiya. O povoado do norte da Faixa, perto da passagem fronteiriça de Erez, tem sido o palco de combates entre Israel e os milicianos palestinos. Muitas casas continuavam ardendo no sábado pela manhã, enquanto milhares de palestinos tentavam resgatar utensílios ou roupa dos destroços.
O cessar-fogo elevou a contagem dos mortos. Nas 12 horas de trégua, os palestinos de Gaza recolheram mais de 130 cadáveres, dos quais muitos estavam havia mais de uma semana sepultados sob as casas de Shiyaiya. O número total de mortos já supera 1.030.
Cerca de 200 eram crianças. Três de cada quatro, civis. Israel sofreu 41 baixas militares e 3 civis desde 8 de julho.
As bombas israelenses também causaram uma tremenda carnificina entre o gado e outros animais de criação no leste de Gaza. Muitos criadores ficaram sem meios de sobrevivência, com o consequente prejuízo ao abastecimento de comida em Gaza.
Os esforços diplomáticos dos Estados Unidos e Egito em busca de um cessar-fogo estão se mostrando inúteis. O Hamas e a Autoridade Palestina exigem o levantamento do bloqueio a Gaza como condição para uma paz em curto prazo. A passagem de Erez está cercada a sete chaves há horas. A artilharia pesada israelense bombardeou o leste de Gaza no domingo de manhã durante horas.
Pouco depois de Israel retomar as operações militares neste domingo, o porta-voz dos serviços de emergência palestinos, Ashraf al-Qudra, informou a morte de três pessoas pelos disparos da artilharia israelense. Duas das vítimas morreram perto da fronteira e a outra, em Khan Yunis, segundo a France Presse.
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