_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Emergência infantil

Washington deve resolver o drama de milhares de crianças amontoadas na fronteira com o México

Longe dos cenários habituais, na fronteira entre os Estados Unidos e o México ocorre uma catástrofe humanitária inédita tanto por sua natureza como pelo lugar na qual acontece. Dia a dia, aumenta o número de crianças interceptadas pelas patrulhas fronteiriças norte-americanas enquanto tentam – sozinhas, na maior parte dos casos – cruzar o limite entre os dois países. São mais de 52.000 menores desde outubro passado, a maioria dos quais se amontoa em centros de acolhida, cuja capacidade já foi ultrapassada com sobras e em condições que foram denunciadas não só por diversas organizações humanitárias, mas também pelo senador do Texas, John Cornyn, que após uma visita disse que jamais imaginaria a existência de campos de refugiados nos EUA.

O vice-presidente do país, Joe Biden, alertou também sobre a extrema gravidade da situação, já que as crianças detidas são somente uma parte de todas as que tentam passar. Se desconhece quantas morrem no caminho e quantas conseguindo passar terminam sendo vítimas das redes de tráfico de menores. O Exército dos EUA teve de improvisar centros com um total de 3.000 camas, que dá apenas um alívio mínimo para os locais de acolhida. Essa semana o papa Francisco pediu que, como medida de urgência, se proteja e acolha essas crianças.

Existem dois fatores que agravam a crise. Por um lado, a paralisação da reforma migratória em Washington, por conta de um bloqueio republicano no Congresso que está conseguindo o efeito contrário ao que pretende: existe uma certeza de que cedo ou tarde os EUA farão uma regularização massiva de imigrantes sem documentos, o que significa que, enquanto isso não for aprovado, todo aquele que conseguir entrar agora no território norte-americano terminará conseguindo a residência legal quando a regularização ocorrer. Com sua atitude, os republicanos geraram um efeito de chamada de proporções gigantescas.

O segundo fator é mais profundo e afeta a natureza da política migratória de um país forjado desde seu princípio por imigrantes que chegaram praticamente com a roupa do corpo. Agora, um setor de seus descendentes quer converter-se em uma espécie de fortaleza inexpugnável, algo que nunca algum país conseguiu fazer. Enquanto essa questão é discutida, milhares de crianças aguardam uma solução. E essa deveria ser a prioridade.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_