_
_
_
_

A Alemanha aclama a sua seleção nas ruas de Berlim

A delegação alemã retorna à capital, e milhares de pessoas se aglomeram para receber os jogadores com a taça conquistada no Brasil

Schweinsteiger oferece a taça à torcida.Foto: atlas | Vídeo: ALEX GRIMM

Mais de meio milhão de pessoas aclamaram a seleção alemã nesta terça-feira em Berlim depois da conquista do título mundial no Brasil, numa rara expressão de júbilo e orgulho pátrio. A festa na capital começou assim que o voo especial da Lufthansa batizado como Fanhansa Siegerflieger – trocadilho com as palavras fãs, voo e vencedores – pousou no aeroporto Tegel, mas o momento apoteótico ficou para a chamada Milha do Torcedor, onde 250.000 pessoas receberam os seus heróis.

A dimensão da festa já podia ser notada no aeroporto, onde centenas de torcedores foram esperar o time. O primeiro a descer a escada do avião foi o capitão Philipp Lahm, que ergueu o troféu dourado, para regozijo dos torcedores. Todos os jogadores, mais a equipe técnica comandada por Joachim Löw, vestiram mais tarde uma camiseta preta com o número 1 desenhado no peito, para iniciar um percurso triunfal sobre um caminhão.

A euforia mobilizou vários jogadores, que zombaram dos rivais argentinos

A festa, que foi transmitida ao vivo por quatro canais alemães de TV e pela CNN, mostrou que a Alemanha, um país acostumado à disciplina e ao rigor de leis que não permitem a extravagância, é capaz de expressar sentimentos quase tropicais quando se trata de celebrar uma grande conquista da famosa Mannschaft, há oito anos treinada por Löw. Poucas vezes como nesta terça-feira Berlim havia dado rédea solta aos seus sentimentos para receber os campeões.

Nunca antes a cidade tinha recebido uma seleção na condição de campeã do mundo – foi o primeiro título mundial alemão após a reunificação. A bordo do caminhão descoberto, a seleção realizou um longo percurso pela cidade até chegar ao emblemático Portão de Brandemburgo, onde havia sido montado um enorme palco coberto por um tapete de grama artificial.

A alegria se transformou em delírio quando os primeiros heróis da conquista subiram ao palanque. “Foi um longo caminho até conseguir o título, mas valeu a pena”, disse o treinador, que foi aclamado pela multidão ao mostrar sua preocupação com o público. “Vocês sofreram e comemoraram. Sem o apoio de vocês, não estaríamos aqui. Somos todos campeões do mundo”, disse Löw.

O ônibus realizou um longo percurso pela cidade até chegar ao emblemático Portão de Brandemburgo

A apresentação dos campeões teve momentos de glória e também de ironia saudável. Se durante o torneio os jogadores nunca cometeram o pecado de rir dos seus adversários, a euforia da recepção contaminou Götze, Klose, Kroos, Schürrle, Mustafi e Weidenfeller, que zombaram dos argentinos, derrotados na final. Os seis atletas entraram agachados no palco e começaram a cantar: “Assim caminham os gauchos rumo ao gol!”. De repente, se ergueram e gritaram para a multidão: “Assim caminham os alemães, assim caminham para o gol!”.

Risos do público e mais gritos quando outros seis jogadores, entre eles Schweinsteiger e Neuer, irromperam no palco com uma mão apoiada no ombro do colega da frente, assim como fazia a seleção brasileira ao entrar em campo, numa tentativa de demonstrar espírito de equipe. “Nós somos os campeões do mundo”, cantou Neuer, o goleiro da seleção, enquanto Schweinsteiger, chamado pela imprensa alemã de “legionário” por causa da sua resistência na final, recordou à multidão que o grande sonho, iniciado há oito anos na própria Alemanha, por fim se concretizou: “Já estivemos aqui em 2006, mas agora é diferente. Agora temos a maldita taça entre nós!”.

Em julho de 2006, a Milha do Torcedor se encheu de gente para cumprimentar a seleção pelo terceiro lugar jogando em casa, mas também para agradecê-la pela realização de um milagre, descrito na ocasião pela revista Der Spiegel como “um sonho de verão”.

A Copa da Alemanha, em 2006, mudou o país; fez da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel uma torcedora fanática da seleção, e a comunidade turca virou alemã. A magia do futebol e o triunfo da Alemanha no Brasil também operaram outro milagre, que não passou despercebido nos centros do poder político alemão. Até a embaixada dos Estados Unidos em Berlim fez uma pausa e pendurou em sua fachada um cartaz cumprimentando os novos campeões.

Os jogadores da seleção, por sua vez, despediram-se da multidão com outro cartaz em que se lia: “Obrigado, torcida. A quarta estrela é nossa”.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_