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Os EUA punem o Citigroup por pacote de hipotecas tóxicas

O grupo reduz em 95% o lucro trimestral depois de debitar 8,8 bilhões de reais de seus resultados

Uma mulher entra em uma agência do Citi em Nova York.
Uma mulher entra em uma agência do Citi em Nova York.SHANNON STAPLETON (REUTERS)

O Citigroup lambe sua ferida. O terceiro grupo financeiro dos EUA fechou um acordo com o Departamento de Justiça que vai obrigá-lo a depositar 4 bilhões de dólares (8,8 bilhões de reais) em dinheiro pelo pacote de dívida hipotecária "tóxica”. O valor é suficiente para zerar praticamente todo o seu lucro trimestral. O acordo se completa com 2,5 bilhões de dólares (5,5 bilhões de reais) destinados aos clientes, 200 milhões de dólares (440 milhões de reais) para compensar a agência que avaliza os depósitos e 300 milhões de dólares (660 milhões de reais) para cobrir as investigações abertas pelos estados.

O acordo definitivo foi anunciado uma hora antes da apresentação dos resultados do segundo trimestre e apareceu nas contas na forma de débitos de 3,8 bilhões de dólares (8,36 bilhões de reais). Os 7 bilhões de dólares (15,4 bilhões de reais) nos quais a pena total está avaliada ficam longe dos 12 bilhões de dólares (26,4 bilhões de reais) demandados pelo departamento de Eric Holder, uma exigência que quase fez desandar o processo de negociação e pelo qual o banco de Michael Corbat arriscou-se a ir a julgamento.

Holder insiste que o montante da punição corresponde ao dano causado por uma conduta que qualificou de “falsa e fraudulenta”. Mais ainda, o equivalente norte-americano ao ministro da Justiça insistiu que esse acordo com o banco não absolve nenhum funcionário, mas deixa a porta aberta para uma ação penal. Mas os procuradores até o momento estão tendo dificuldades para provar que realmente houve a intenção de se cometer uma fraude.

O JP Morgan Chase já resolveu uma questão semelhante em novembro passado. O procurador geral os acusava de ter vendido pacotes estruturados com dívida hipotecária de baixa qualidade aos investidores. É um dos produtos financeiros por trás da crise financeira passada, a pior desde a Grande Depressão. O banco de Jamie Dimon teve de pagar 13 bilhões de dólares (28,6 bilhões de reais). O Bank of America está em processo de negociação de uma pena que pode ser maior ainda.

“A conduta do banco foi execrável”, afirma o titular da Justiça na nota do anúncio, no qual aponta que o Citigroup admitiu durante a negociação que enganou os investidores oferecendo como sadios “produtos financeiros tóxicos”. Para o conglomerado financeiro, o pacto lhes permite deixar para trás o legado da crise. “Acreditamos que será no melhor interesse dos investidores, porque agora podemos nos concentrar no futuro e não no passado”, destaca Corbat.

Ainda que esse tipo de sanção não seja criado para derrubar um grande banco sistêmico como o Citigroup, certamente prejudica seu balanço. O grupo financeiro com sede em Nova York fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de 181 milhões de dólares (398,2 milhões de reais) em função dos débitos associados à questão legal. Há um ano, foram 4,2 bilhões de dólares (9,24 bilhões de reais). Em relação ao volume de negócios, reduziu-se ligeiramente a 19,3 milhões de dólares (42,46 milhões de reais) na primavera passada.

Corbat agora deve convencer os investidores de que o banco está bem colocado para tirar vantagem da recuperação. O executivo garante que o negócio do banco “se mostrou resistente diante de um clima econômico desequilibrado”. Também explicou que segue adiante com o processo para reduzir custos operacionais, simplificando produtos e processos. Também deixou claro que o custoso pacto com a Justiça não afetará a posição de seu balanço.

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