_
_
_
_
_

Em Curitiba, muito barulho por (quase) nada

Com metade das 12 cidades-sedes já fora da disputa, a cidade que correu contra o relógio para sediar a Copa se destacou por jogos inexpressivos, empates e baixa média de gols

A Arena da Baixada, antes do jogo Argélia x Rússia.
A Arena da Baixada, antes do jogo Argélia x Rússia. Mike Hewit (Getty)

Alvo de um ultimato da FIFA a poucos meses do início da Copa, Curitiba teve de correr contra o relógio para sediar o evento. Agora, com metade das 12 cidades-sedes já fora da disputa, o município escolhido pela Espanha para se concentrar durante o Mundial se destaca entre os que deixaram o torneio por jogos inexpressivos, empates e uma baixa média de gols. Se as demandas da FIFA sobraram para a reforma da Arena da Baixada, o mesmo não se pode dizer da sorte do estádio no sorteio das partidas.

A cidade recebeu apenas quatro jogos, na primeira fase. Dois deles terminaram empatados, incluindo o 0 x 0 entre Irã e Nigéria, apontado por muitos como o pior jogo da Copa até agora –as vaias que acompanharam a saída dos times de campo dão uma boa ideia do que foi a intensidade da partida, que chamou atenção também pelos seguidos passes errados. Foi ainda o primeiro duelo a não ter gols no Mundial, após 12 confrontos disputados até então.

O outro empate, Argélia 1 x 1 Rússia, deu a única grande emoção à cidade, com a classificação inédita dos argelinos às oitavas, mas o jogo está longe de ser lembrado por sua qualidade. O clima de expectativa que cercou os moradores de Curitiba antes de sua confirmação como sede, dos bares e restaurantes aos operários estrangeiros que ajudaram a reformar a Arena da Baixada –dezenas deles, haitianos–, certamente não foi correspondido em sua totalidade.

A média das vezes em que se balançou as redes em Curitiba também está entre as mais baixas: aponta para dois gols por partida, e muito em decorrência da goleada da Espanha sobre a Austrália por 3 x 0 na última rodada do grupo B. O jogo entre os atuais campeões e os australianos, inclusive, era considerado a maior atração da Copa na cidade. Mas os espanhóis já entraram em campo eliminados –assim como os rivais–, contrariando todos os prognósticos e frustrando ainda mais a torcida local.

Assim como ocorreu nas distantes Natal (Nordeste) e Manaus (Norte), que também sediaram apenas quatro jogos e todos na primeira fase, Curitiba não recebeu nenhuma equipe que chegasse até as quartas de final do Mundial, que começam a ser disputadas nesta sexta-feira. De Irã, Nigéria, Honduras, Equador, Austrália, Espanha, Argélia e Rússia, apenas os nigerianos e os argelinos avançaram às oitavas, sendo eliminados logo em seguida pelas poderosas França e Alemanha, respectivamente.

A quente Natal, talvez, seja a cidade cujo desempenho mais se assemelhe ao da mais fria Curitiba, com uma média baixa de gols (1,25 por jogo) e um empate (Japão 0 x 0 Grécia). Enquanto isso, Manaus, que era colocada em xeque por jogadores, treinadores e jornalistas devido ao seu clima quente e úmido, apresentou uma média de 3,5 gols por jogo, tendo sediado ainda o aguardado confronto entre Itália x Inglaterra.

O clássico europeu terminaria se tornando um dos grandes jogos do Mundial até agora, com a vitória dos italianos por 2 x 1. A capital do Amazonas também recebeu o emocionante EUA 2 x 2 Portugal, com o astro Cristiano Ronaldo praticamente dando adeus ao torneio em campo, apesar do empate luso conquistado já nos acréscimos e quando os norte-americanos já celebravam nas arquibancadas a vaga de forma antecipada.

O outro lado da moeda

Do outro lado da moeda entre as sedes da Copa estão Salvador (Nordeste) e Porto Alegre (Sul), as únicas a terem uma média de gols superior à de Manaus no torneio. Assim como Curitiba, Cuiabá (Centro-Oeste), Manaus, Natal e Recife (Nordeste), a capital do Rio Grande do Sul já se despediu do Mundial, mas certamente os torcedores que foram à Arena Beira-Rio não tiveram do que reclamar.

Eles viram uma média de 3,8 gols, e isso sem incluir nessa contagem os 2 x 1 da Alemanha sobre a Argélia na prorrogação, por causa do empate sem gols no tempo normal. Antes desse jogo das oitavas, Porto Alegre recebeu ainda jogos de França, Holanda e Argentina, que avançariam às quartas e se confirmariam entre as favoritas ao título.

Salvador, por sua vez, traz na bagagem jogos de Holanda, Alemanha e França, que incluem os 5 x 1 dos holandeses sobre a Espanha, certamente um dos resultados mais inesperados dessa Copa. Os que compareceram à Arena Fonte Nova, que ainda receberá o duelo das oitavas entre Holanda x Costa Rica, assistiram a uma autêntica chuva de gols, que resultou em uma média de 4,2 por jogo.

Assim como Salvador, também ainda tem capítulos a serem escritos nesta Copa as cidades de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro, e esta o mais esperado deles, a final do torneio, no próximo dia 13.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_