James, o herdeiro do ‘Pibe’ Valderrama
O atacante colombiano, de 23 anos e artilheiro do torneio com dois gols contra o Uruguai, transforma-se na referência do time de Pekerman
Não é a primeira vez que James Rodríguez (Cúcuta, Colômbia, 23 anos) bate um recorde. O meio-campista que fez o Maracanã explodir com dois gols que permitiram à Colômbia passar às quartas de final pela primeira vez em sua história já está acostumado com isso. Neste sábado, ele se transformou no maior goleador do torneio, com cinco gols, e também no jogador colombiano que mais vezes marcou em uma Copa do Mundo. Ele marcou 10 gols desde 11 de outubro de 2011, quando vestiu pela primeira vez a camisa da seleção da Colômbia. Por isso são muitas as vozes que o classificam como melhor jogador da Copa de 2014, incluindo o técnico Oscar Tabárez, do derrotado Uruguai. Nas redes sociais, já circula uma comparação: “Messi, cinco gols em três Copas; Cristiano Ronaldo, três gols em três Copas; James, cinco gols em uma Copa”.
Muitos previam isso, e agora é uma realidade. James é o substituto do genial Carlos El Pibe Valderrama, um dos melhores meias que a Colômbia teve em sua história. Seu temperamento não se compara ao que ele é dentro de campo. James é um jovem simples e muito tímido. Até há pouco tempo, suas respostas eram monossilábicas. Pouco a pouco ele foi ganhando confiança frente às câmeras e ao assédio dos jornalistas. E nunca nega um autógrafo. James sempre gostou de salsa, mas sempre disse que não sabe dançar. Claro, quem vê as comemorações de gol não pensa assim. Quando marcou o segundo contra a Costa do Marfim, ele foi até o banco para que Armero guiasse a equipe na coreografia, que é ensaiada nos quartos de hotel da concentração.
Sua maior mostra de amizade é sua comemoração de Cristo Redentor que ele fez nos últimos gols. O gesto é dedicado a seu amigo e companheiro Radamel Falcao. “É a forma que ele comemora e por isso faço, faço por ele”, disse em uma entrevista depois da vitória contra o Uruguai. O futebol está em seu sangue. Seu pai esteve na seleção juvenil em 1985 e jogou profissionalmente até 1992. Por isso, James Rodríguez nasceu em Cúcuta, uma quente cidade na fronteira com a Venezuela, onde seu pai defendia o time local da Primeira Divisão. A carreira do pai não foi longe devido à indisciplina, mas os que o viram jogar dizem que ele sabia tratar bem a bola.
No entanto, seus caminhos se separaram quando James tinha apenas três anos e sua mãe o levou a Ibagué, uma cidade central conhecida como a capital musical da Colômbia. Ali, o padrasto Juan Carlos Restrepo viu potencial e incentivou. Depois de completar cinco anos, ele o inscreveu numa escolinha de futebol e o acompanhou a todos os treinos, pagou professores para reforçar os fundamentos do jogo e trabalhar a perna esquerda, com a qual sempre se destacou. Do pai, ele herdou a veia futebolística, mas da nova família vieram a responsabilidade e o temperamento.
James fez parte da geração que viu a Colômbia não chegar às Copas do Mundo. Por isso, as palavras de seu ídolo, El Pibe, devem significar muito para ele. “É o meu substituto que buscam há uma década”. Aos 16 anos, como capitão e artilheiro, James conquistou seu primeiro título. Foi contratado pelo Envigado Fútbol Club, que tem sede próxima a Medellín, e ali deu sua primeira volta olímpica no futebol profissional. Isso valeu a ele uma vaga na elite do futebol colombiano, mas não por muito tempo. O Banfield, da Argentina, o contrataria logo depois; no clube, ele tornou-se o mais jovem estrangeiro a estrear com um gol. E ganhou o único campeonato Argentino da história do clube.
Na Argentina, ele também durou muito. Foi ao Porto, onde estavam também Freddy Guarín e Radamel Falcao, e ali começou a encantar os europeus. Os números dizem muito: três Campeonatos Portugueses, três Supercopas, uma Copa de Portugal e uma Liga Europa. Também foi eleito o jogador revelação da Liga Portuguesa. Tudo isso o levou a ser contratado pelo Monaco, que pagou 45 milhões de euros (cerca de 140 milhões de reais) por ele, na segunda transferência mais cara da história do futebol colombiano, atrás apenas das cifras de Falcao para o mesmo clube.
No primeiro jogo da seleção colombiana na Copa do Mundo, James disse que realizava seu maior sonho. Até agora, este sonho não acabou e ele espera prolongá-lo até o dia 12 de julho, dia de seu 23o aniversário. A véspera da grande final.
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