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O Chile acusa o Brasil de espionar de helicóptero o treino da seleção

Uma aeronave da Globo, parceira da CBF, obriga a interrupção do treinamento a portas fechadas do técnico Sampaoli

Diego Torres
A seleção do Chile treina em Belo Horizonte.
A seleção do Chile treina em Belo Horizonte.TORU HANAI (REUTERS)

A TV Globo, rede de televisão mais poderosa do Brasil, enviou um helicóptero para 'espionar' o treinamento da seleção do Chile, ontem pela manhã. Os treinos do time, realizados a portas fechadas durante todo o campeonato, sob a supervisão do esquivo treinador Jorge Sampaoli, não tinham começado quando a sessão foi interrompida violentamente pelo surgimento do helicóptero sobre o campo, no complexo da Toca da Raposa, na Pampulha. O técnico parou o treino na mesma hora, em meio a uma confusão que acabou com a federação chilena lavrando uma queixa formal contra a Rede Globo por espionagem.

“A questão do helicóptero não foi muito longe”, disse Mauricio Isla, lateral chileno. “Quem mais se assustou foi o técnico, porque estava trabalhando a tática e não queria que a equipe rival soubesse como vamos planejar a partida. Nós queríamos atingir o helicóptero com a bola, mas não alcançávamos”.

Viemos ao Mundial para fazer história" Alexis Sánchez

A partida que a seleção do Chile vai disputar amanhã contra a seleção do Brasil no estádio do Mineirão será a mais dramática das oitavas de final. O técnico brasileiro, Luiz Felipe Scolari, admitiu que a equipe andina é a última que ele queria enfrentar. A Globo é parte interessada no assunto. O conglomerado midiático, parceiro fundamental da Confederação Brasileira de Futebol, têm muito em jogo com a Copa do Mundo. Com uma média de mais de 90 milhões de espectadores por dia, a emissora tem os direitos de retransmissão das partidas, estimados em mais de 900 milhões de reais. O custo exige uma amortização condicionada ao fluxo de publicidade inerente à permanência da seleção anfitriã no campeonato. Até a estabilidade política do país, ligada ao esfriamento da tensão social nas ruas, parece depender dos bons resultados da equipe do Brasil. O partida contra o Chile, portanto, não é só uma partida de futebol.

Scolari, durante um treino do Brasil.
Scolari, durante um treino do Brasil.VANDERLEI ALMEIDA (AFP)

A desproporção histórica entre as seleções do Chile e do Brasil aumenta a pressão sobre os poderosos. Os jogadores chilenos, como Alexis Sánchez, mostram-se estranhamente provocadores. “Vamos ganhar”, disse o atacante do Barcelona. “Viemos à Copa para fazer história. Ganhamos do campeão do mundo, tivemos um tropeço com a Holanda, mas isso serviu para melhorar nossos erros. Esperamos ganhar essa Copa.”

“O chileno”, continuou Sánchez, “não tem fé nas grandes potências mundiais. Precisamos ter a mentalidade de ganhadores, como Arturon Vidal ou Gary Medel. Temos que ir em frente. O mesmo deve fazer Mauricio Isla, que é um dos melhores laterais do mundo, mas ele mesmo não acredita”.

Sánchez se dirigiu a seu colega, sentado a seu lado na coletiva de imprensa. “Eu sempre digo, ‘acredite, cara, você é um dos melhores do mundo’. Ele diz: ‘Sim, sim, sim...’ Mas não acredita. E se ele não acredita, quem vai acreditar? Estamos destinados a grandes coisas. Mas às vezes é preciso acreditar na história”.

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