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Biden diz que teve uma conversa ‘sincera’ com Rousseff sobre escutas dos EUA

No Brasil, vice-presidente norte-americano afirmou que conversou com a governante brasileira sobre a segurança na internet

Biden e Rousseff durante o encontro em Brasília.
Biden e Rousseff durante o encontro em Brasília.ROBERTO FILHO (AFP)

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que teve uma conversa “sincera” sobre segurança na internet com a presidenta brasileira Dilma Rousseff (PT). Os dois se encontraram nesta terça-feira, em Brasília, em uma reunião que marca os esforços dos Estados Unidos em tentarem restabelecer as relações com o Brasil, que ficaram desgastadas depois da divulgação de denúncias de que o Governo norte-americano espionou Rousseff e outras autoridades brasileiras.

Biden esteve no Brasil para assistir a partida entre Estados Unidos e Gana, na Arena das Dunas, em Natal, na noite de segunda-feira. O encontro com a presidenta, segundo o Governo brasileiro, era uma “visita de cortesia” e, por isso, não houve um pronunciamento oficial de Rousseff após a reunião, como aconteceu no último domingo, após a reunião dela com a chanceler alemã Angela Merkel.

O vice-presidente, entretanto, fez um pronunciamento à imprensa na sede da embaixada norte-americana, em Brasília. Essa foi a primeira vez que um representante do Governo norte-americano vem ao país depois de que as denúncias do ex-analista da Agência de Segurança Internacional (NSA) Edward Snowden foram divulgadas, no início de setembro do ano passado. No final do mesmo mês, Rousseff fez um discurso na Assembleia-Geral da ONU em que afirmou que a espionagem em massa dos EUA feria os princípios que regem a relação entre os países. Ela também cancelou uma viagem oficial que faria aos Estados Unidos em outubro.

Por isso, segundo Biden, a conversa entre os dois nesta terça-feira pela manhã teve como tema principal a segurança na internet. “Nós discutimos sobre as escutas norte-americanas. Esse assunto é muito importante, não só aqui no Brasil, mas para os Estados Unidos e para o seu povo. Eu e a presidenta tivemos uma conversa muito franca e sincera sobre isso”, afirmou o vice-presidente. Ele afirmou ainda que os Estados Unidos fizeram “mudanças reais” na forma como lidam com a vigilância eletrônica.

Biden disse também que durante o encontro transmitiu à presidenta Rousseff o desejo da Casa Branca de que haja “mais democracia” na Venezuela. “Temos interesse de que os direitos humanos sejam garantidos”. Aos jornalistas, ele explicou que espera que o processo de diálogo iniciado na Venezuela entre o Governo e a oposição comece a dar “mostras de progresso”, em referência ao diálogo entre o presidente Nicolás Maduro e a opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), iniciado no último 10 de abril, mas que estacionou nas últimas semanas. O encontro entre as partes foi idealizado pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul), da qual o Brasil faz parte.

Na última semana, por causa do Mundial de futebol, a agenda internacional da presidenta brasileira está agitada. No domingo, ela recebeu Merkel em Brasília, outra vítima da espionagem norte-americana, com quem também conversou sobre a questão da segurança eletrônica. As duas apresentaram na Assembleia-Geral da ONU, em setembro passado, uma proposta para garantir a privacidade e limitar a extensão da espionagem nas telecomunicações e na Internet, que foi aprovada em dezembro. O texto exige que as práticas de espionagem dos países não sejam contrárias à lei internacional de direitos humanos.

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