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A Rússia aceita uma solução temporária para a ‘guerra do gás’

Moscou promete não fechar a torneira durante as negociações Kiev paga 1,78 bilhões de reais da dívida que Gazprom cifra em 7,7 bilhões

Lucía Abellán
O comissário europeu de energia, Günther Oettinger, em Bruxelas.
O comissário europeu de energia, Günther Oettinger, em Bruxelas.Virginia Mayo (AP)

A Europa se afasta do cenário de interrupções no fornecimento de gás russo. A Rússia e a Ucrânia entraram em acordo nesta segunda-feira para saldar as dívidas milionárias de Kiev e fixar um preço para as futuras. O comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, pediu que o pacto garanta o envio de gás sem nada em troca por pelo menos um ano. Os responsáveis por Gazprom, o gigante energético russo, e Naftogaz, a companhia ucraniana, aceitaram a ideia, mas ainda deve passar por um referendo pelas autoridades de seus respectivos países, segundo explicou Oettinger ao final do encontro.

O ambiente da reunião trilateral indicava que algo mudou desde os últimos encontros. A chave foi a confirmação de Gazprom de que recebeu o pagamento de 578 milhões de euros (1,78 bilhões de reais) que a Ucrânia fez na sexta-feira. Essa quantidade cobre um pouco mais que um terço da dívida reconhecida por todos, 4,9 milhões de reais, embora fica muito ambaixo do que Moscou pede, mais de 7,7 bilhões. A partir daí, as partes negociaram durante quase seis horas, que terminou com um acordo mal definido. Ao contrário dos encontros anteriores, onde cada parte oferecia sua versão dos fatos, o ministro de Energia russo, Alexander Novak, e seu homólogo ucraniano, Yuri Prodan, coincidiram que o comissário europeu deveria comunicar os resultados à imprensa.

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“Meu objetivo é que o preço que se pactue para compras futuras de gás e se mantenha até junho de 2015, para garantir a segurança do fornecimento por um ano para que possamos armazenar. O importante, além disso, é que enquanto estas propostas estão sendo estudadas não haverá interrupção no fornecimento energético”, assegurou Oettinger. A ameaça de fechar a torneira do gás deixou a União Europeia tensa, pois um terço do gás que consome vem da Rússia e a metade circula pela Ucrânia.

Há poucos detalhes sobre um pacto que pode ser revogado nos próximos dias diante da mais mínima dúvida das autoridades russas ou ucranianas. Oettinger explicou que o que Kiev já pagou permitiu saldar a dívida de gás do primeiro trimestre do ano. Para o resto das contas pendentes (novembro e dezembro do ano passado e abril e maio deste), Bruxelas propõe um preço médio, entre o subsidiado que a Ucrânia pagava até a queda de Viktor Yanukovich e o valor excessivo exigido pela Rússia desde abril, superior ao que paga o resto da Europa.

As partes se reunirão logo para perfilar os detalhes. Pela primeira vez em muito tempo respira-se certa confiança entre os dirigentes. Além de garantir as entregas de gás, a Rússia e a Ucrânia renunciam, por enquanto, empreender ações legais pela batalha do gás.

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