Um pesqueiro vietnamita se choca com barco chinês e afunda na área em disputa
O incidente acontece em meio a fortes tensões entre os dois países por reclamações de soberania no mar da China Meridional
As fortes tensões entre China e Vietnã por causa da disputa territorial no mar da China Meridional sofreram hoje uma nova escalada, depois que um pesqueiro vietnamita afundou após se chocar com outro de nacionalidade chinesa nas águas disputadas. Os dois países se acusaram mutuamente pela responsabilidade do incidente, que acontece apenas duas semanas após uma série de protestos antichineses no Vietnã que deixaram ao menos quatro mortos e uma centena de feridos.
Segundo a agência de notícias vietnamita, o navio chinês se arremessou contra o barco vietnamita e o afundou a cerca de 30 quilômetros ao sul de uma plataforma petrolífera que uma subsidiária da gigante estatal chinesa CNOOC instalou perto das ilhas Paracel, disputadas pelos dois países, e que provocou uma forte deterioração das relações diplomáticas e econômicas entre os dois países. Os dez tripulantes do barco vietnamita foram resgatados e levados à terra, segundo a agência nacional.
As versões sobre o ocorrido diferem radicalmente nos dois países. Enquanto a agência de notícias chinesa, Xinhua, afirma que o pesqueiro vietnamita afundou depois de "atacar o navio chinês e colidir com ele", o Vietnã assegura que "investiram contra" seu barco e no momento do choque cerca de 40 pesqueiros chineses rodeavam barcos do país vizinho em águas da zona econômica exclusiva vietnamita.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores chinês, Qin Gang, assegurou que o "Vietnã causou o incidente com sua insistência em alterar as operações normais da China e seus atos perigosos no mar", e pediu que Hanói "parasse com todas as atividades prejudiciais e espalhafatosas".
Não é o primeiro incidente deste tipo registrado nas proximidades da plataforma Haiyang Shiyou 981, onde a China impôs uma zona de exclusão de cinco quilômetros ao redor. Os barcos vietnamitas tentam impedir as operações de perfuração e os barcos chineses tentam bloqueá-los. Mas é o primeiro caso em que um dos navios envolvidos termina afundado.
O incidente pode acender ainda mais a opinião pública já bastante susceptível nos dois países com a situação. Na última sexta-feira, uma mulher vietnamita de 67 anos, morreu ao colocar fogo em si mesma na cidade de Ho Chi Minh, a antiga Saigon, depois de deixar mensagens nas quais pedia que o governo adotasse uma atitude mais firme contra a China e a plataforma petrolífera.
Há duas semanas, graves protestos contra a China no Vietnã deixaram quatro mortos e uma centena de feridos. Centenas de fábricas estrangeiras foram saqueadas e algumas incendiadas, durante os distúrbios. Por causa desses protestos, a China evacuou mais de 6.000 cidadãos que trabalhavam em projetos no Vietnã e anunciou que suspenderá parte de seus intercâmbios bilaterais, apesar de não ter afirmado quais.
Precisamente a plataforma no centro da disputa completou hoje sua primeira etapa de operações de perfuração, segundo anunciou sua proprietária, a China Oilfield Services, uma subsidiária da gigante petrolífera chinesa China National Offshore Oil Corporation (CNOOC). A segunda fase começa agora e as operações serão concluídas em agosto.
Hanói ameaçou levar a presença da plataforma, e o que considera um ato "ilícito", aos tribunais internacionais, da mesma maneira que já fizeram as Filipinas, outro país com o qual Pequim mantém duras disputas territoriais no mar da China Meridional. As Filipinas, além do mais, assinaram recentemente um pacto com os EUA para desenvolver colaboração militar e mostrou disposição de oferecer às forças norte-americanas o uso de uma base naval próxima a uma zona também reclamada pela China.
De sua parte, Pequim deixou claro que considera suas reclamações de soberania nessas águas, que são ricas em recursos naturais e chaves para o comércio marítimo mundial, uma prioridade de sua política exterior. O vice-ministro de Exterior chinês, Liu Xhenmin, assegurou hoje em declarações à imprensa que seu país considera "vital" o mar da China Meridional. "O mar da China Meridional é muito mais importante para a China que para outros países", assegurou.
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