O presidente russo ordena a retirada das suas tropas na fronteira com a Ucrânia
A OTAN nega que a retirada militar tenha começado na região Não é a primeira vez que a Rússia diz ter retirado as tropas da fronteira com a Ucrânia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, que fizesse as “tropas que participam de manobras na fronteira com a Ucrânia voltar às suas posições habituais”, de acordo com o serviço de imprensa do Kremlin. O líder russo participou de uma reunião do Conselho de Segurança na cidade de Sochi, na região do Mar Negro, antes de partir para uma visita oficial à China.
As manobras foram realizadas na região de Rostov, Belgorod e Bryansk, segundo a informação do Kremlin. Esta não é a primeira vez que os líderes russos afirmam ter retirado as tropas mobilizadas na sua fronteira ocidental que mantiveram a Ucrânia sob tensão. Putin não informou quais são os locais habituais das tropas que serão retiradas, por isso que, sem mais informações, é impossível avaliar as suas palavras.
Pelo menos em três ocasiões nos últimos três meses, a Rússia informou a retirada das tropas da sua fronteira ocidental
Pelo menos em três ocasiões nos últimos três meses, a Rússia informou que estava recuando as tropas da sua fronteira ocidental. Em 4 de março, Putin deu a ordem para que as tropas que faziam manobras militares na parte ocidental do país voltassem às suas “posições permanentes”, segundo disse o então secretário de Imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, à agência Interfax.
Em 31 de março, em uma conversa telefônica com a chanceler alemã, Angela Merkel, Putin informou uma retirada parcial da fronteira leste com a Ucrânia, de acordo com um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão. Mais tarde, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, esclareceu que o presidente havia informado sobre o fim das manobras em Rostov e que um dos batalhões participantes havia retornado à sua base em Samara, uma região localizada às margens do rio Volga, ao leste de Moscou. A Rússia não está sujeita a qualquer limitação no que diz respeito aos movimentos de tropas no seu território, ressaltou o chanceler.
A OTAN não confirmou a informação e posteriormente o Departamento de Estado norte-americano publicou fotos de satélite, segundo as quais as unidades mobilizadas ainda estavam na fronteira
Em 7 de maio, depois de uma conversa com o presidente em exercício da OSCE, o suíço Didier Burkhalter, Putin voltou a “informar” sobre a retirada das tropas da fronteira. A OTAN não confirmou a informação e posteriormente o Departamento de Estado norte-americano publicou fotos de satélite, segundo as quais as unidades mobilizadas ainda estavam na fronteira.
De acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira pelo Kremlin, os soldados e oficiais que participaram das manobras em Rostov, Belgorod e Bryansk continuarão o seu “treinamento militar nos polígonos situados nos lugares próximos às suas bases habituais”. Putin vai discutir a situação da Ucrânia com o secretário-geral da ONU na China, onde participará da Conferência de Segurança e Cooperação na Ásia realizada em Xangai, segundo a agência Itar Tass.
O presidente russo recebeu positivamente a notícia sobre os contatos entre Kiev e os defensores da federalização do país com o objetivo, segundo disse, de “estabelecer um diálogo direto no qual devem participar todas as partes interessadas”, afirmou o serviço de imprensa do Kremlin. Putin insistiu que a Ucrânia deve acabar com a sua “operação punitiva” (“operação antiterrorista” na terminologia da Ucrânia) e retirar as suas tropas a fim de resolver os problemas acumulados de forma pacífica.
Após uma reunião com o seu homólogo da Eslováquia, o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, falou em favor de uma profunda reflexão sobre as relações da Rússia com a UE e a OTAN, e insistiu que é preciso “entender melhor onde estamos, onde concordamos e sobre o que discordamos” para retornar aos marcos de referência institucional dessas relações. Lavrov descreveu as rodadas de diálogo iniciadas por Kiev como “um passo na direção certa”, embora limitadas, e insistiu que o debate sobre a reforma da Constituição ucraniana também deve ser refletido nesses comitês. O ministro insistiu que é necessária uma investigação dos confrontos de 2 de maio em Odessa, e dos distúrbios anteriores na praça da independência de Kiev.
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