O capitão do barco diz que demorou para iniciar a evacuação pela condição do mar
Lee Jun-seok afirma que temeu que os passageiros fossem arrastados pelas fortes correntes Os mergulhadores localizaram três corpos no barco sul-coreano, mas não conseguiram resgatá-los 273 pessoas, a maioria estudantes de um colégio próximo a Seul, seguem desaparecidas
O capitão do barco sul-coreano naufragado e que deixa 273 desaparecidos, a maioria estudantes colegiais, explicou neste sábado, depois de ser detido pela polícia, que demorou para iniciar a evacuação da embarcação devido às condições adversas do mar e à ausência de botes de resgate. Sua decisão agravou provavelmente a tragédia após o naufrágio do barco, já que mais da metade das 476 pessoas que se encontravam a bordo ficaram presas. Só 174 foram resgatadas com vida, enquanto chegam a 29 os corpos recuperados. O desespero e a raiva dos familiares, concentrados em um ginásio da cidade costeira de Jindo, aumentou depois de saberem que os mergulhadores localizaram três corpos dentro do barco, embora sem poder recuperá-los, e após observarem pela TV como se submergia o último fragmento do casco visível.
"Pensei que os passageiros seriam arrastados para o mar em caso de evacuação precipitada", declarou Lee Jun-seok, de 69 anos, ante as emissoras de TV sul-coreanas depois de sua detenção. A máxima autoridade da embarcação argumentou que, na região onde na quarta-feira ocorreu o acidente, no sudoeste da Coreia do Sul, as águas são frias e apresentam ondas e fortes correntes, e que, por isso, achou que os passageiros passariam por "graves apuros" caso caíssem ao mar, "inclusive com os coletes salva-vidas".
Tanto os sobreviventes como os familiares das vítimas criticaram a decisão do capitão de demorar meia hora para dar a ordem de evacuação após a inclinação do barco, ao considerar que esta decisão fez com que muitos dos passageiros ficassem presos e impediu o salvamento de mais vidas.
Alguns dos parentes forneceram amostras de DNA às autoridades para facilitar as tarefas de identificação das vítimas. Outros ainda mantêm as esperanças de que exista pessoas com vida em algum bolsão de ar do barco, embora os especialistas considerem que a probabilidade é quase nula.
Um dos sobreviventes da tragédia, o subdiretor do colégio em que estudavam os adolescentes a bordo, foi encontrado nesta sexta-feira enforcado. Em sua nota de suicídio, parte da qual foi divulgada pela polícia, Kang Min-gyu, de 52 anos, pede que seu corpo seja cremado e que as suas cinzas sejam espalhadas no local do naufrágio. "Talvez eu possa me tornar professor dos estudantes desaparecidos em minha próxima vida".
O capitão do Sewol foi detido na madrugada deste sábado (horário local) junto com outros dois membros da tripulação, acusados de abandonar o barco sem assegurar-se de que os passageiros ficariam a salvo. Os outros dois detidos são a terceira oficial, de 26 anos e sobrenome Park, que supostamente estava no timão da embarcação no momento do acidente, e um timoneiro de 55 anos.
Lee, cujas imagens de sua evacuação em um bote pelos serviços de resgate ganharam o mundo, enfrenta cinco acusações, incluindo negligência e violação das leis marítimas, e foi detido para evitar que possa fugir ou destruir provas.
Quanto às acusações de estar ausente da cabine depois de ter cedido o timão a uma terceira oficial quando o navio começou a afundar, Lee também ofereceu explicações. O fato "ocorreu quando voltava de uma visita rápida ao seu quarto por motivos pessoais", assegurou, depois de deixar claro que não fazia uso de bebida alcoólica.
O capitão não esclareceu, no entanto, a causa do naufrágio. Alguns especialistas acreditam que realizou uma virada brusca em vez de mudar de direção de forma gradual, o que pode ter feito com que deslocasse os 180 veículos e as 1.157 toneladas de carga para um lado e provocar a virada da embarcação, embora também se trabalhe com a teoria de que foi a colisão com uma rocha o que provocou o afundamento.
Enquanto isso, as tarefas de resgate continuam, mas com avanços escassos. Os submarinistas conseguiram ter acesso ao quarto andar do barco e avistaram três corpos, mas não puderam recuperá-los devido aos objetos que impedem a passagem e às restrições de duração da imersão. Também veem dificultado o trabalho pelas grandes ondas, as fortes correntes, a escassa visibilidade debaixo d'água e o mau tempo.
Quatro guindastes esperam nas redondezas para trazer à tona o Sewol com a ajuda de um dique flutuante, embora ainda não tenham entrado em ação pelo temor de que um movimento brusco acabe com as vidas de possíveis sobreviventes dentro do barco.
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