A Rússia ameaça a UE com possível corte de gás à Ucrânia
O presidente russo explica que se Kiev não pagar a fatura, cancelará o serviço, o que afetará o fornecimento à Europa Cerca de 30% da demanda europeia é fornecida pela Rússia e a metade do volume do produto passa pelos gasodutos ucranianos
Vladimir Putin advertiu nesta quinta-feira que o fornecimento de gás à Europa "poderia ser afetado", caso a Ucrânia não pague sua fatura e a Rússia tenha de cortar o serviço. O presidente russo enviou uma carta aos líderes de 15 países da União Europeia mais a Turquia, na qual informa sobre essa situação e sugere que trabalhem juntos na restauração da abalada economia ucraniana.
Cerca de 30% da demanda de gás natural da Europa é fornecida pela Rússia e a metade do produto passa através dos gasodutos que atravessam a Ucrânia. O gigante russo de gás natural Gazprom já parou o bombeamento de gás para o território ucraniano durante as disputas de preços nos invernos de 2005-2006 e 2008-2009, o que provocou escassez nos países europeus que recebem o gás russo.
A Gazprom informou que a Ucrânia deve 2,2 bilhões de dólares (4,84 bilhões de reais) pelo fornecimento de gás. O presidente russo assegura que, se Kiev não cancelar a dívida, o consórcio de gás terá de suspender o fornecimento completamente. "Sem dúvida, essa é uma medida extrema", afirma Putin em sua carta, à qual teve acesso a agência Reuters. Entre os líderes que receberam a missiva está a chanceler alemã, Angela Merkel, cujo país é o maior consumidor europeu de gás da Rússia.
"Mês a mês, cresce a dívida da Naftogaz Ucrânia pelo gás. Em novembro/dezembro de 2013 era de 1,45 bilhão de dólares (3,19 bilhões de reais), em fevereiro de 2014, a dívida subiu mais 260 milhões de dólares, e, em março, mais 526 milhões. Lembro que em março ainda aplicávamos o preço com desconto de 268,5 dólares (626 reais) por cada mil metros cúbicos. E, inclusive com esse preço, a Ucrânia não pagou nem um dólar", censura Putin.
O líder russo escreveu que "a Rússia está disposta a participar no esforço para restaurar a economia da Ucrânia", mas só em "igualdade de condições" com a UE. O presidente pede o início de conversas entre os ministros das Finanças e Energia para estabilizar a economia ucraniana e "garantir o fornecimento de gás russo". O líder russo afirma que "a crise econômica da Ucrânia foi causada, em parte, pelo desequilíbrio comercial com a UE".
A Rússia duplicou o preço que cobra da Ucrânia pelo gás, desde a queda em fevereiro do presidente Viktor Yanukovich, que era do agrado de Putin por recusar laços comerciais e políticos com a UE. A Gazprom anunciou há uma semana um reajuste do preço até 485,5 dólares por cada mil metros cúbicos, a partir de abril.
A carta foi enviada aos líderes de Alemanha, França, Itália, Moldávia, Romênia, Turquia, Hungria, Eslováquia, Eslovênia, Macedônia, República Checa, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Bulgária e Áustria. "Através dos canais diplomáticos, essa carta, assinada por Putin, foi entregue hoje (quinta-feira) a líderes das Europas Oriental e Ocidental, e uma cópia foi enviada a Bruxelas", comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, segundo as agências russas.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.