_
_
_
_

Obama chega a Arábia Saudita para consertar a relação bilateral

O rei Abdullah recebe o presidente norte-americano em sua propriedade rural do deserto Irã, Síria, Egito e as tensões regionais distanciaram os dois aliados

Ángeles Espinosa
O presidente Barack Obama e o rei Abdalá.
O presidente Barack Obama e o rei Abdalá.S. L. (AFP)

O rei Abdullah da Arábia Saudita recebeu nesta sexta-feira o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em sua propriedade rural de Rawdhat Khuraim, um oásis a cem quilômetros ao norte de Riad. A habitual hospitalidade árabe e as efusivas saudações ao hóspede não desfizeram, no entanto, o mal-estar saudita com as políticas americanas na região. Uma preocupação supera, e alenta, todas as demais: a recente aproximação de Washington com Irã, o vizinho com o qual o reino compete pela influência na região. Apesar dos esforços da diplomacia norte-americana para dissipar os receios de seu aliado, é improvável que o encontro produza resultados visíveis.

A mudança geopolítica que significou a abertura neste ano de conversas nucleares com o Irã foi a última gota para a Arábia Saudita. Durante a última década, a família dirigente viu alarmada como a intervenção dos Estados Unidos no Iraque abria as portas à influência de Teerã em seu vizinho do Norte, a pasividade com que Washington deixou Mubarak cair, a instabilidade que seguiu as revoltas árabes e, sobretudo, a falta de entusiasmo ocidental para desalojar Bachar al-Assad do trono de Damasco.

“Não espero muito [da visita]”, confidencia ao EL PAÍS o veterano jornalista saudita Khaled Al Maeena. “Nós temos nossa política exterior e os Estados Unidos têm seus interesses; a ideia de que vamos mudar não tem fundamento”, acrescenta.

Suas palavras descartam a possibilidade de que Obama consiga convencer seus interlocutores de estabelecer uma base de entendimento com Irã com a finalidade de impulsionar as negociações entre a oposição e o regime sírios. A desconfiança com seu vizinho é muito grande.

Que os EUA comecem a falar de levantar as sanções e reintegrar a República Islâmica no cenário internacional constitui a última traição de um aliado com quem imaginavam compartilhar interesses. De fato, destacados membros da família real arejaram nos últimos meses seu mal-estar com Washington em foros públicos e artigos de imprensa.

A Casa Branca reconheceu a existência de tensões e a própria visita de Obama é uma tentativa de limar asperezas e tranquilizar os sauditas sobre seu compromisso com o reino e a região. Por sua vez, o rei Abdullah demonstrou seu interesse em manter um canal de diálogo privilegiado ao receber o presidente pessoalmente apesar de seu delicado estado de saúde. Os jornalistas que acompanham a delegação norte-americana viram que o monarca permanecia ligado a um tanque de oxigênio, segundo a Associated Press.

Além disso, para preparar a visita, o rei enviou a Washington o influente ministro do Interior, o príncipe Mohamed Bin Nayef, com boas relações na capital. Nos últimos meses, Mohamed ficou encarregado do dossiê sírio, um dos pontos de disputa com os EUA e que até então estava nas mãos do mais errático chefe dos serviços secretos, seu primo, o príncipe Bandar Bin Sultan. Mas além de falar da Síria, e do problema dos jihadistas ali treinados, também explicou a seus interlocutores que as ações de seu país nas crises regionais tentam frear o caos que, em última instância, também afetaria os EUA.

Não está claro até que ponto seus argumentos, muito criticados por seus detratores, encontraram eco na Administração Obama. No entanto, a bordo do Air Force One, o vice-conselheiro de Segurança Nacional Ben Rhodes assegurou aos jornalistas que as relações bilaterais eram agora “melhores que no último semestre quando tivemos algumas diferenças táticas em nossa política sobre a Síria”. Desde então, disse, EUA e Arábia Saudita trabalharam para coordenar sua assistência aos rebeldes. Mesmo assim, adiantou que o presidente não tinha previsto fazer nenhum anúncio específico o respeito.

Rhodes também acrescentou que a agenda do presidente na Arábia inclui os direitos humanos, e designadamente os da mulher. Não obstante, assinalou que a prioridade do encontro é o amplo leque de interesses de segurança comuns.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_