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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Um toque de atenção

As eleições legislativas na Colômbia e o reforço de Uribe são um aviso ao presidente Santos

As eleições legislativas celebradas no último domingo na Colômbia voltaram a dar a maioria à coalizão de partidos que sustenta Juan Manuel Santos. Para o presidente colombiano, trata-se de um respaldo às negociações de paz com as Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC), sua mais preciosa bandeira política. Mas Santos evitou, com bom critério, o triunfalismo: as eleições são, também, um toque de atenção ao governante.

Primeiramente, o santismo perdeu a maioria absoluta na crucial Câmara do Senado, onde vai se encontrar o ex-presidente Álvaro Uribe, antigo aliado e agora rival, controverso líder da oposição. Seu novo partido, o Centro Democrático, estreia como a segunda força mais votada, após o Partido de La U, a formação de Santos, e acima dos outros membros da coalizão governamental.

Os mais de dois milhões de votos coletados por Uribe, a cabeça de uma lista fechada e apesar de uma série de limitações administrativas, confirmam a popularidade que continua ostentando o ex-presidente e indicam que o diálogo com as FARC, que Uribe deplora por considerar precipitado e pouco transparente, suscita na população mais reservas do que o Governo quer mostrar. Outro dado aparece nessa tese: apesar da insistência oficial em que o Congresso decorrente será o encarregado de legislar os acordos que se subscrevam eventualmente com a guerrilha em Havana, 56% dos votantes ficou em casa, a abstenção mais alta desde 1994. O Governo, que mostrou às vezes certa arrogância diante de quem questionava legitimamente o diálogo, faria bem se anotasse isso.

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Está claro que Santos, que buscará sua reeleição nas eleições presidenciais de 25 de maio, mantém o controle do Congresso, mas agora terá que armar novas alianças para impulsionar suas iniciativas. Conta para isso com uma esquerda cada vez mais exígua e um Partido Conservador de lealdades divididas e convertido em dobrável aos interesses do momento.

O presidente fez um apelo a Uribe para deixar de lado a acidez que envenena há quatro anos as relações entre os que formaram uma sólida equipe de Governo, que conseguiu tirar a Colômbia do marasmo político e econômico. Uma aproximação seria sem dúvida uma amostra de responsabilidade política e o melhor presente para os colombianos, que precisam de forças democráticas unidas nesta etapa crucial.

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