Rajoy ataca os populismos: “Os eurocéticos estão à espreita”
O presidente do Governo espanhol encerra em Madrid o ciclo de conferências sobre o futuro da Europa organizado pelo Instituto Berggruen
O presidente do Governo (primeiro-ministro) espanhol, Mariano Rajoy, encerrou nesta sexta-feira em Madri o ciclo de conferências sobre o futuro da Europa organizado pelo Instituto Berggruen para a Governança, fazendo um discurso de defesa radical do europeísmo. O premiê mostrou sua preocupação com a ascensão de forças eurocéticas. “Alguns estão alimentando o desapego com relação à Europa de maneira injusta e temerária. Há uma crise de confiança inquietante, é uma minoria que cresce a cada dia. Precisamos estar dispostos a proteger a livre circulação de pessoas, que é um pilar básico, a seiva da UE, assim como a de bens e serviços. Devemos todos defendê-la com convicção. Estas eleições [para o Parlamento Europeu, em maio próximo] são um desafio para o europeísmo. É meu desejo que haja uma maioria sólida de forças que creiam na integração europeia. As forças eurocéticas estão à espreita para dinamitar o projeto por dentro, porque são incapazes de construir uma alternativa”, alertou o chefe de Governo depois de recordar que a Espanha sempre se destacou por seu europeísmo.
Neste contexto de defesa da livre circulação de pessoas, Rajoy entrou de cabeça em um assunto, o da imigração, que está em pauta na Espanha pela tragédia de Ceuta. O presidente defendeu uma verdadeira política de integração europeia. "Necessitamos de uma UE sem fronteiras interiores e de uma verdadeira política de imigração europeia, mais solidária com os países que estamos na fronteira exterior. Não se trata de fazer da Europa uma fortaleza. A imigração deve ser uma opção, não uma obrigação. Mas é preciso saber que o irregular não entra na Espanha ou na Itália, entra na UE.”
A intervenção de Rajoy foi apresentada por Juan Luis Cebrián, presidente do grupo PRISA (que edita o EL PAÍS), que assegurou que os países do norte da Europa “deveriam extrair muitas lições dos sacrifícios dos italianos, portugueses e espanhóis” (na primeira fila escutavam Enrico Letta e Mario Monti, ex-primeiros-ministros da Itália, e Pedro Passos Coelho, atual primeiro-ministro de Portugal). Cebrián ressaltou o papel de Rajoy por ter tido de enfrentar, como outros primeiros-ministros do sul da Europa “a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial”.
Rajoy demonstrou otimismo com a economia espanhola. Assegurou que a destruição de emprego “se freou”, e anteviu que a partir de agora começará a haver geração líquida de postos de trabalho. “É o meu compromisso”, chegou a declarar. “Estamos melhores do que há um ano”, disse Rajoy. “Mas não devemos nem podemos nos conformar. Temos em nossas mãos assegurar aos jovens que a crise é só um parêntese em uma história de crescimento e de futuro”, prosseguiu o premiê.
O presidente do Governo defendeu uma união fiscal, política e econômica para gerar crescimento. “É inescapável.” Rajoy continuou sua intervenção aludindo à política externa e ao papel da Europa no âmbito internacional, e fez um breve resumo do conflito que há três meses assola a Ucrânia, embora não tenha entrado em detalhes. “A Europa não pode permanecer em um segundo plano na política internacional”, afirmou.
E de passagem lançou uma mensagem de política interna, com indiretas à situação na Catalunha. “O caminho da prosperidade não será a desagregação nem o levantamento de fronteiras, transcorrerá pelo caminho da união. Agora se fala muito de reformas da Constituição. A mais importante reforma da Constituição foram todas as decisões tomadas na Europa, a enorme transferência de soberania que fizemos, já não temos nem sequer moeda própria”, afirmou.
A intervenção de Mariano Rajoy encerrou um ciclo de palestras do qual participaram vários primeiros-ministros, atuais ou do passado, de alguns países membros da UE: Enrico Letta (Itália), Mario Monti (Itália), Pedro Passos Coelho (Portugal) e líderes de diferentes formações políticas no Parlamento Europeu. Durante a jornada desta sexta-feira também falaram César Alierta, presidente da Telefónica, e Pablo Isla, presidente da Inditex.
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