A direita se impõe nas cidades mais importantes do Equador
Mauricio Rodas será o novo prefeito de Quito. Guayaquil e Cuenca também deram seu voto à oposição
Quito, Guayaquil e Cuenca, as três principais cidades do Equador, deram seu voto à oposição nas eleições locais que tiveram lugar nesse domingo. Isso pode ser interpretado como uma rejeição ao partido do governo, Aliança País, que procurava consolidar seu poder nas circunscrições regionais. Para o consultor político Decio Machado esses resultados são os um aviso vindo desde o âmbito local. “Parte dos cidadãos disse não ao poder absoluto e à prepotência do poder central, eu me pergunto se o governo é capaz de entender essa mensagem”.
Os três projetos políticos que se impuseram nas urnas dessas cidades devem seu triunfo às alianças políticas que fizeram para essas eleições. Mauricio Rodas, que com 58% dos votos se converteu no futuro prefeito da capital, foi impulsionado pela aliança dos movimentos Soma e Vive. Jaime Nebot, que se reelegeu em Guayaquil com 60% dos votos, representou a aliança do Partido Social Cristão e o movimento Madeira de Guerreiro, e Marcelo Cabrera, que obteve 44% dos votos em Cuenca, foi o candidato da aliança Igualdade-Participa.
O presidente Rafael Correa, que também lidera Aliança País, reconheceu que um dos erros de seu movimento foi não ter buscado alianças com outros setores políticos. “Acho que estamos caindo no sectarismo. Não posso me ocupar do dia a dia do movimento, mas acho que esse sectarismo está nos passando a conta”, disse depois da divulgação dos resultados das eleições.
Ele negou, entretanto, que os resultados adversos em Quito, Guayaquil e Cuenca sejam uma derrota para o seu movimento porque obtiveram bons resultados em outros lugares do país. “Foi uma vitória do oficialismo, mas com reveses”. A principal contrariedade foi a perda da capital. “Quito é importante pela governabilidade, não conheço (Mauricio) Rodas, mas conheço as pessoas que estão por trás dele, gente que está contando os dias para que o governo caia. Essas pessoas estão em contato com a direita fascista da Venezuela”, disse Correa, acrescentando que “trabalhar com adversários políticos é uma coisa, outra é trabalhar com inimigos”.
A reação dos moradores de Quito nas ruas não se fez esperar. A sede do movimento Soma se abarrotou de gente assim que se soube do resultado das três empresas de pesquisa que fizeram a contagem dos votos na boca de urna. O tráfego na área foi limitado e abriu espaço para um carnaval adiantado, no qual soava ao fundo a versão que Soma fez da canção Vivir mi vida, de Marc Anthony. “Podemos sim viver melhor/sem tantas multas e impostos”, rezava a estrofe.
Mauricio Rodas chegou com sua esposa e agradeceu aos eleitores discursando da carroceria de um caminhão colocado de improviso em frente à sede do movimento. “Hoje triunfou a dignidade dos cidadãos de Quito, farei uma nova prefeitura, que leve em conta todas as demandas e solicitações, tenho entusiasmo por servir e me comprometo com paixão”, disse brevemente.
A reação do Facebook e do Twitter também foi eufórica e se chegou a comparar os resultados dessas eleições com a revolta de Quito de 1809, quando se deu o primeiro grito de independência. Por esse fato histórico, a capital do Equador leva o qualificativo de “Quito, Luz da América” e essa frase foi recorrente nas redes sociais.
O historiador Juan Paz y Miño, entretanto, contextualiza os fatos. “Quito foi a consciência política do país e isso já se advertia no século XIX. Também foi o eixo de ações e reações frente a governos e prefeitos, lembremos que de 1996 a 2006 Quito foi determinante para a saída de três governantes eleitos democraticamente, mas não se pode comparar o triunfo eventual da velha e nova direita equatoriana com um triunfo da liberdade”.
Os resultados do conjunto do país não foram conhecidos até as 22h00. A contagem rápida que o Conselho Nacional Eleitoral fez só levou em conta 70% das atas até essa hora e o relatório seguinte só será divulgado na segunda-feira. Não há resultados oficiais para todo o país, mas as informações que vazaram mantêm Aliança País como a primeira força política, apesar a perda das grandes cidades.
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